Pandemia agrava pobreza energética na UE

Pandemia agrava pobreza energética na UE
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De  Isabel Marques da SilvaGregoire Lory
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A solução de curto prazo tem sido a ajuda de emergência por parte do Estado ou de organizações privadas de apoio social. Mas a médio e a longo prazo, a aposta deve ser feita na renovação de edifícios, que é uma das prioridades das verbas a gastar no âmbito do Pacto Ecológico Europeu.

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As temperatura desceu bem abaixo de zero esta semana na Bélgica. O desconforto de Véronique Duquesne, de 60 anos, dentro de própria casa ficou ainda maior porque tem poucos meios para gastar nessa comodidade.

"Economizo no aquecimento, mas hoje tive de o ligar porque estão -10 graus Celsius. Geralmente não o ligo antes das 16h ou 17h e, quando vou dormir, fica desligado toda noite, todos os dias, porque é muito caro", disse em entrevista à euronews.

A chamada pobreza energética revela-se de várias formas. Por vezes, as habitações são de má qualidade e não permitem ter isolamento térmico adequado. Mas também se exprime no facto de pessoas com baixos rendimentos, como esta ex-cabeleireira, terem de controlar os gastos com a energia.

"Fazemo-lo quando temos que comer apenas massa ou ovos, porque não temos dinheiro para mais nada. No início do mês compro um bife, mas não me permito muito mais", acrescentou.

Avó de seis netos, esta matriarca evita convidar a família para casa quando está muito frio: “Quando os pequeninos nos visitavam, dávamos-lhes banho aos pares para poder poupar dinheiro. Eu também tenho muito cuidado com o gasto da água  Tomo banho num dia e no seguinte uso a pia para não consumir muita água".

Menos rendimento e mais despesas com a casa

A pobreza energética afeta mais de 30 milhões de europeus, segundo dados de 2019, do Instituto Jacques Delors. A pandemia de Covid-19 agravou a fragilidade destas pessoa a vários níveis.

“Esta crise tem dois impactos principais. O primeiro é a quebra de rendimentos, sobretudo nas pessoas que têm trabalho com contratos de curta duração, ou que ficaram desempregadas. E o outro impacto prende-se com as medidas de saúde pública que determinaram o confinamento e o teletrabalho, o que significa que as pessoas passam muito mais tempo em casa", explica Thomas Pellerin-Carlin, diretor do Centro de Energia do Instituto Jacques Delors.

"De repente passou a ser necessário aquecer mais as casas. A famílias europeias que antes da crise já não eram muito endinheiradas, mas ainda conseguiam pagar o aquecimento das casas, deiaram de o poder fazer com a atual crise económica. E isso potencia o aparecimento de doenças respiratórias ”, concluiu.

A solução de curto prazo tem sido a ajuda de emergência por parte do Estado ou de organizações privadas de apoio social. Mas a médio e a longo prazo, a aposta deve ser feita na renovação de edifícios, que é uma das prioridades das verbas a gastar no âmbito do Pacto Ecológico Europeu.

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