Acordo de investimento UE-China está em risco

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Direitos de autor THIERRY CHARLIER/AFP
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De  Isabel Marques da SilvaChristopher Pritchard
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O governo de Pequim tem pouca tolerância para o que classifica de ingerências externas e fica muito melindrado quando as críticas se prendem com direitos humanos.

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Em três meses houve um completo volte-face na relação entre a União Europeia e a China. O bloco europeu estava decidido, no final do ano passado, a aumentar as oportunidades de negócio na China, apesar de receber fortes críticas dos EUA. Mas, este mês, a União Europeia impôs sanções contra pessoas e entidades chinesas por violações dos direitos humanos na província de Xinjiang.

O governo de Pequim retaliou na mesma moeda, incluindo eurodeputados entre os alvos de sanções. Um dos visados por essas sanções considera que está em risco a implementação de um acordo de investimento fechado em dezembro, depois sete anos de negociação.

“O acordo de investimento foi concebido para criar condições de concorrência mais leais para as empresas europeias que operam na China, pelo que o avaliámos sempre como uma oportunidade. Mas, nas atuais circunstâncias - com sanções que visaram eurodeputados, embaixadores, etc - será muito difícil aprovar este acordo no Parlamento Europeu, no futuro próximo", explicou Ilhan Kyuchyuk, eurodeputado liberal búlgaro, em entrevista à euronews.

Pressão por parte da indústria poderá salvar acordo?

O acordo terá de ser ratificado pelo Parlamento Europeu e pelos parlamentos dos Estados-membros, o que parece agora muito improvável, mas há quem mantenha algum otimismo.

"Não penso que o acordo esteja morto. Ainda estou otimista e há uma razão muito simples para isso. Se falar com membros da indústria europeia e das associacoes industriais europeias, verá que dizem que o acordo de investimento poderá ser altamente benéfico para a economia europeia. A questão agora é: devemos prejudicar a nossa própria indústria e a nossa economia por causa de uma escalada política que, de certa maneira, fomos nós mesmos a provocar?", questionou Maximilian Krah, eurodeputado alemão da extrema-direita.

O governo de Pequim tem pouca tolerância para o que classifica de ingerências externas e fica muito melindrado quando as críticas se prendem com direitos humanos.

A reação incluiu o boicote a empresas europeias, nomeadamente na área do vestuário, como resposta pelas acusações de recurso a trabalho forçado em Xinjiang para produzir o algodão usado por essas empresas.

Penso que teremos pela frente alguns meses difíceis, ou mesmo alguns anos, no relacionamento entre as partes.
Andrew Small
Analista político no Conselho Europeu de Relações Externas

"Penso que havia esperança, no final do ano passado, de que o novo acordo conduzisse a uma relação de maior cooperação. Mas estamos a ver que a questão de Xinjiang, e outras antigas questões sistémicas, continuam a prejudicar o relacionamento. Penso que teremos pela frente alguns meses difíceis, ou mesmo alguns anos, no relacionamento entre as partes", vaticinou Andrew Small, analista político no Conselho Europeu de Relações Externas.

Mais satisfeito estará Joe Biden, já que o presidente dos EUA defende uma postura mais dura contra a China e espera ter o apoio dos europeus nessa estratégia.

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