O Parlamento Europeu levou a cabo um debate com especialistas, terça-feira, para analisar como gerir os efeitos do degelo.
Os enormes desafios ambientais, económicos e geopolíticos que se aceleram na região do Ártico exigem que União Europeia desenvolva uma política mais proativa.
Os três principais pilares são o combate as alterações climáticas, o desenvolvimento sustentável e a cooperação, mas a União Europeia também vai concentrar-se muito na nova dimensão da segurança e defesa.
O governo russo reforçou a sua presença militar na região e o presidente da Comissão dos Negócios Estrangeiros do Parlamento Europeu, David McAllister, quer maior protagonismo da União Europeia.
"Uma das questões a definir é como é que a União Europeia e a NATO poderão cooperar mais estreitamente. Todos sabemos o que está em jogo, mas uma coisa é extremamente importante - em particular nestes tempos de rivalidade geopolítica - que é tentar manter que o Ártico seja um lugar onde as potencias geopolíticas cooperam para benefício das pessoas, do meio ambiente e, no final das contas, do mundo inteiro", explicou o eurodeputado alemão de centro-direita, em entrevista à euronews.
O Parlamento Europeu levou a cabo um debate com especialistas, terça-feira, para analisar como gerir os efeitos do degelo, tais como acesso aos hidrocarbonetos, novas rotas marítimas e solos valiosos, que estão na mira de governos e do setor privado.
China entra na corrida com muito empenho
A China já investe de forma massiva ao nível financeiro e diplomático, com uma embaixada de grande relevo na Islândia.
"Se a União Europeia deseja, de alguma forma, ter um maior protagonismo nesta região, deve agora evitar ser associada à China, que é vista como uma entidade muito agressiva, embora sem soberania sobre o Ártico. Portanto, a maneira da China forçar a sua presença na região complicou as coisas para a União Europeia", disse Jon Rahbek-Clemmensen, professor Associado no Royal Danish Defense College, em entrevista à euronews.
Entre os 27 Estados-membros da União Europeia há três com soberania na região: Finlândia, Suécia e Dinamarca.
Os outros estados implicados no Conselho do Ártico são Noruega, Islândia, Rússia, Canadá e EUA, o que exige forte coordenação europeia perante esses países poderosos.
"No que se refere às chamadas questões políticas de base, tais como as preocupações ambientais e o desenvolvimento económico, penso que há espaço para a União Europeia desempenhar um papel muito construtivo, se for capaz de identificar as áreas onde pode efetivamente atuar. As alterações climáticas são um claro exemplo. Mas penso que se a União Europeia acredita que pode ter o mesmo estatuto geopolítico que os EUA ou a Rússia, então enfrentará obstáculos bastante difíceis", realçou Jon Rahbek-Clemmensen.
Há ainda outros países a fazerem esforços para obter influência na região, tais como Reino Unido, Japão, Singapura e Coreia do Sul.