Investimentos em gás natural e nuclear continuam a dividir UE

Investimentos em gás natural e nuclear continuam a dividir UE
Direitos de autor JAIME REINA/AFP
De  Isabel Marques da Silva
Partilhe esta notíciaComentários
Partilhe esta notíciaClose Button
Copiar/colar o link embed do vídeo:Copy to clipboardCopied

Após a apresentação do regulamento sobre investimento sustentável, na quarta-feira, a Comissão Europeia reconheceu que é necessário mais tempo para debater o papel das chamadas fontes de energia de "transição".

PUBLICIDADE

O gás natural e a energia nuclear ficaram, temporariamente, excluídos da Taxonomia da União Europeia sobre Investimento Sustentável. Trata-se de um instrumento que ajudará a direcionar fundos privados para as atividades económicas mais ecológicas.

Após a apresentação do regulamento, na quarta-feira, a Comissão Europeia reconheceu que é necessário mais tempo para debater o papel das chamadas fontes de energia de "transição".

“Há muitos países, atualmente, dependentes do carvão que precisam de dar um grande salto e o gás pode desempenhar um papel. O regulamento da taxonomia é muito restritivo, pelo que analisaremos o papel que o gás poderá ter num quadro alargado de transição", disse Mairead McGuinness, comissária europeia para os Serviços Financeiros, em entrevista à euronews.

"Penso que este processo nos fez perceber que há o desejo efetivo nos Estados-membros de caminharem para a neutralidade de emissões poluentes, mas também se compreendeu como isso é difícil", acrescentou a comissária.

O sistema que rotula o impacto das emissões de CO2 também deixou a agricultura para análise posterior, mas abrange os setores das energias renováveis, transporte, silvicultura, indústria e construção.

Verdes alertam para contradições com o Pacto Ecológico

Os países que usam carvão, sobretudo no leste e sul da Europa, contam com um apoio considerável das bancadas do centro-direita e conservadora no Parlamento Europeu.

Mas os verdes e o centro-esquerda alertam que apostar em combustíveis fósseis não se encaixa nas ambições do Pacto Ecológico Europeu.

“Se na Europa se diz, por um lado, que queremos ter atividade económica neutral para o clima dentro de 30 anos, é ridículo dizer, em paralelo, que podemos classificar a construção de uma fábrica alimentada a gás natural como investimento ecológico. Ela ficará em funcionamento durante 40 anos, pelo menos", explicou Bas Eickhout, eurodeputado neerlandês dos verdes que foi co-autor da resolução do Parlamento Europeu sobre a Taxonomia, em entrevista à euronews.

"Com isso, vamos ultrapassar o prazo de 2050 para nos tornarmos neutros em termos de impacto climático. Não digo que não possa haver um papel para o gás, mas terá de ser muito limitado", concluiu.

Os investidores ficaram a saber, também, que foi alcançado um acordo sobre a Lei do Clima na União Europeia, entre Parlamento e Conselho europeus.

Os 27 países passam, obrigatoriamente, a ter de reduzir as emissões de gases com efeito de estufa em pelo menos 55% até 2030, em comparação com os níveis de 1990.

Partilhe esta notíciaComentários

Notícias relacionadas

Bruxelas veta fusão de gigantes sul-coreanas

Bill Gates: Efeitos das alterações climáticas piores do que a pandemia

"Estado da União": A geopolítica no Pacto Ecológico da UE