"Estado da União": a nova lei europeia do clima

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Direitos de autor MLADEN ANTONOV/AFP
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A nova lei europeia do clima foi anunciada como um marco histórico mas nem todos se afirmam totalmente satisfeitos

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Esta semana o tema em destaque é o novo pacote legislativo relativo ao clima.

Igualmente importante foi a rejeição pelo tribunal constitucional alemão da tentativa levada a cabo por um grupo de eurocéticos com vista ao bloqueio do Fundo de Recuperação da União Europeia.

A Conferência para o Futuro da Europa arrancou com a participação de cidadãos que podem agora acompanhar os debates e participar neste evento em tempo real.

Mas nada criou mais emoções como a crise que atravessou o futebol profissional.

Dias depois do anúncio oficial, enormes manifestações de adeptos, treinadores, jogadores, e até mesmo políticos vieram a público para criticarem a Super Liga que prometia um lugar permanente na competição para todos os clubes fundadores assim como milhares de milhões de euros em pagamentos.

Mas a intensidade da oposição foi de tal ordem que a maioria dos clubes se afastou e o projeto foi abandonado.

"Foi como se tivéssemos lançado uma bomba atómica", disse o presidente do Real Madrid.

O abandono do projeto foi aplaudido no Parlamento britânico.

"Aplaudo a decisão tomada pelos seus clubes ingleses de não se juntarem à Super Liga Europeia. Este anúncio é o resultado certo para os adeptos, para os clubes e para as comunidades em todo o país", disse o primeiro-ministro Boris Johnson.

Este caso prova que mesmo no desporto são necessárias maiorias, compromisso e apoio público.

O que ninguém sabe ainda é se a nova lei europeia do clima gozará de apoio público.

A comissão europeia apresentou o novo pacote como a essência do Pacto Ecológico Europeu em direção a um futuro mais verde. Ainda assim alguns ficaram desapontados.

É o caso de Michael Bloss, membro do parlamento Europeu em representação dos Verdes da Alemanha.

Stefan Grobe, euronews: No que toca à política climática, a sua voz é das mais influentes em Bruxelas e já disse que não está satisfeito com a Lei do Clima. Porque pensa que não chega?

Michael Bloss, Verdes, Alemanha: "Os próximos 10 anos são os mais importantes da luta contra as alterações climáticas. Temos que alcançar o objetivo relativo aos 1,5 graus centígrados. O que deveríamos obter em termos de média global seria menos 65%. Agora estamos nos 52,8% e isso não chega. E é só uma média global. O que precisamos da União Europeia é que vá mais além da média global. Por isso, estamos longe do que é necessário e é por isso que não estou satisfeito. E agora! Mas há algo que podemos melhorar. Ao nível das políticas setoriais, no que toca ao preço do dióxido de carbono, dos carros às energias renováveis, ainda há espaço para melhorar."

SG, euronews: Ainda assim, a Comissão descreveu a lei como histórica. na sua opinião, quais são os aspetos positivos do acordo?

MB, Verdes, Alemanha: "Sim, compreendo que a Comissão tenha elogiado o seu próprio trabalho mas para mim o que conta é o que é preciso para a atmosfera, para lutar contra as alterações climáticas e, por isso, não chega. Mas existem alguns bons elementos. Por exemplo, criámos um conselho científico com 15 cientistas que nos fazem recomendações de acordo com o que a ciência nos diz sobre a crise climática. Isso é positivo. Também conseguimos alterar um pouco as formas como medimos os progressos porque até agora temos utilizado percentagens-alvo. É bonito mas a natureza não quer saber de percentagens-alvo. O que é importante são as toneladas de dióxido de carbono que produzimos."

QSG, euronews: O acordo foi alcançado mesmo antes da conferência do clima virtual de Joe Biden. Está otimista em como a nova administração norte-americana vai fazer do clima uma real prioridade na agenda internacional?

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MB, Verdes, Alemanha: "Penso que a conferência do clima, como tal, serviu mais para dizer ao público que os Estados Unidos vão apresentar novos alvos. O Canadá também anunciou novos objetivos, assim como a União Europeia. Todos se elogiam uns aos outros, É bom, traz uma nova dinâmica. Ainda assim penso que a política do clima deve ser feita não para relações públicas mas sim para o ambiente. E a ciência diz-nos que ainda existe uma enorme diferença nas emissões que tem que ser reduzida. De momento isso ainda não acontece. É um pouco o meu problema com o acordo alcançado na terça-feira à noite na Europa. Essencialmente foi um acordo apressado. Havia muita pressão para finalizar porque os líderes europeus queriam ter algo pronto antes da cimeira de Biden. Acredito que se tivéssemos negociado um pouco mais teríamos obtido resultados melhores".

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