"Brexit": A nova realidade cinco anos após o referendo

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Saída do Reino Unido da União Europeia concretizou-se mesmo, mas persistem sequelas e focos de tensão entre as partes

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Cinco anos depois do referendo que ditou a sentença de saída do Reino Unido da União Europeia (UE), as sequelas do "Brexit" estão à vista.

Em 2019, o slogan da campanha de Boris Johnson - "Get Brexit Done" - garantiu-lhe o lugar de primeiro-ministro e em janeiro de 2020 o Reino Unido deixou de ser Estado-membro da UE.

Mas será que o processo chegou mesmo ao fim?

"O Brexit pode ter-se concretizado, mas as consequências do divórcio vão manter-nos ocupados durante os próximos anos ou décadas", sublinhou, em entrevista à Euronews, David McAllister, eurodeputado do Grupo do Partido Popular Europeu e presidente do Grupo de Coordenação do Parlamento do Reino Unido.

Um dos exemplos prende-se com o chamado Protocolo sobre a Irlanda do Norte - parte do acordo do "Brexit" - que mantém o país no mercado único de mercadorias. Representa verificações e controlos de muitos produtos oriundos do Reino Unido.

Esteve em vigor um estado de graça de três meses, para ajudar os supermercados no processo de transição. Mas para grande aborrecimento da UE, o Reino Unido decidiu - sem consulta - estender esse período de isenção de controlos até outubro.

A questão continua por resolver.

"Percebemos as dificuldades na Irlanda do Norte. Estamos prontos para ser flexíveis, mas se o lado do Reino Unido continuar com uma política de adotar medidas unilaterais sem discuti-las com a Comissão Europeia e a República da Irlanda haverá uma retaliação firme, rápida e decidida por parte da União Europeia", referiu David McAllister.

Sair da UE também representou mais controlos e burocracia para as mercadorias que entram no velho continente.

Na prática, sofreu o comércio entre o Reino Unido e o bloco comunitário. O eurodeputado socialista alemão Bernd Lange, presidente da Comissão Parlamentar de Comércio Internacional, ressalvou que o estrago é menor para a União Europeia: "Os números das importações e exportações são claros. O estrago financeiro é claro. Até os serviços financeiros - um interesse económico chave no Reino Unido - foram afetados. Está claro onde é que o estrago real se encontra."

Os direitos dos cidadãos da UE também foram afetados. Acabou a liberdade de circulação entre as duas partes. E há cada vez mais pessoas alegadamente rejeitadas ou detidas à chegada ao Reino Unido.

Uma situação que Bruxelas diz que tem de ser gerida.

"Vamos tentar não criar mais fardos. Vamos fazer a relação funcionar. E esta relação não é apenas comercial ou empresarial. É sobre as pessoas que vivem nos dois lados do canal. Pessoas com família, que esperam continuar a viver tão bem quanto possível apesar da decisão política", lembrou David McAllister.

No Reino Unido, muitos celebrarão o "Brexit" esta semana, mas na Europa a resposta será feita seguramente de silêncio.

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