Belgas denunciam agressões sexuais na "noite" de Bruxelas

Feministas radicais, músicos e até manifestantes anticapitalismo. Juntos saíram às ruas de Bruxelas, este domingo, em nome do fim da violência contra as mulheres.
Nem a chuva os demoveu da vontade de dizer "Basta."
Nascida nas redes sociais, a hashtag "Balance ton bar" ("Denúncia o teu bar"), trouxe à tona os testemunhos de mulheres agredidas sexualmente ou drogadas em espaços de diversão noturna da capital belga. Depressa se transformou num movimento de grandes proporções.
"Estamos à espera que os homens se aliem e tenham uma postura pró-ativa nesta luta. Não queremos educar os homens nós mesmas. Queremos que os homens se eduquem e que consigam chegar a lugares que podem ser um recurso para essa educação. É isso que esperamos", sublinhou, em entrevista à Euronews, Maïté Meeus, criadora do movimento "Balance ton bar."
O movimento nasceu para que as vítimas se pudessem manifestar de forma anónima. Mas não é o único.
Outras organizações dizem que é preciso fazer mais para acompanhar e apoiar as vítimas.
"Queremos que no treino básico dos polícias haja mais [preparação] e que eles sejam mais compreensivos, para que cada esquadra possa oferecer um acolhimento digno aos sobreviventes. É preciso que se faça mais para impedir que as vítimas pensem 'não nos atrevemos a ir à polícia.' É uma loucura que os sobreviventes tenham de se servir das contas de Instagram de ativistas para contar a história em vez de tentar que se faça justiça real e denunciar tudo o que está a acontecer", lembrou Laura, da União Feminista Inclusiva e Autónoma.
Nas ruas de Bruxelas, nem só as mulheres se manifestaram pelos direitos femininos.
Os homens juntaram-se à causa em larga escala.
"As mulheres têm de [conseguir] viver numa sociedade segura. Temos de construir essa sociedade segura com os homens, com as mulheres, com os migrantes. Temos de construí-la com toda a sociedade", disse Frédéric, um manifestante.
Mas as mudanças de mentalidade requerem muito esforço, apesar de na Bélgica se começarem a dar passos nesse sentido.
"O importante, é preciso dizer, é o treino, a preparação dos polícias que vão receber as denúncias porque é necessário, já que 70% das denúncias são feitas sem acompanhamento. Isso significa que a mulher fica sem resposta e com um grande sentimento de injustiça", ressalvou a deputada federal belga Laurence Zanchetta.
Fica a faltar que os políticos e a sociedade em geral passem também das palavras aos atos.