Ministros europeus das pescas entendem-se sobre capturas em 2022

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Portugal vai pescar menos linguado, pescada e lagostim e mais carapau, tamboril e areeiro

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Depois de uma longa maratona negocial, que arrancou no domingo, os ministros das Pescas da União Europeia (UE) alcançaram um acordo sobre os totais admissíveis de capturas (TAC) de peixe para 2022.

Também se entenderam sobre a respetiva repartição de quotas nas águas do Atlântico, Mediterrâneo, Mar do Norte e Mar Negro.

Portugal ficou a saber que vai pescar menos linguado, lagostim e pescada no ano que vem. Os cortes nas capturas, hoje conhecidos, ficam aquém das propostas da Comissão Europeia, conhecidas há um mês.

Contas feitas, em comparação com 2021, no ano que vem haverá um corte de 8% em relação ao total admissível de capturas de pescada, para as 2.284 toneladas.

Bruxelas tinha avançado com a proposta de uma redução de 18%.

Já no caso do linguado, a proposta era de 15%, mas na prática a redução estipulada para esta espécie em Portugal é de 5%, para as 407 toneladas.

As capturas de lagostim também serão reduzidas em 5% - contra os 16% propostos por Bruxelas - num total de 266 toneladas.

Em 2022, o atum voador do Atlântico Sul terá um corte de 20%, para uma quota de 507 toneladas. Por outro lado, no ano que vem só poderão ser capturadas 2.824 toneladas de patudo atlântico, o que representa um corte de 10% na quota portuguesa.

O acordo hoje divulgado também permitiu - uma vez que as negociações com a Noruega já se tinham concluído - estabelecer limites para a captura de bacalhau na zona económica exclusiva do país, tendo-se estabelecido uma redução de cinco toneladas.

Nesta fase continuam as negociações para pesca de bacalhau no arquipélago norueguês de Savlbard. No ano que vem, prevê-se um corte de 80% na quota portuguesa, para as 463 toneladas. Sobre este assunto, espera-se um acordo antes de janeiro de 2022.

Em sentido contrário, no próximo ano aumentam os totais admissíveis de capturas para o carapau, tamboril e areeiro.

Diferentes impactos na Europa

Para os países sem costa marítima não há muito em jogo, mas Estados-membros como Portugal, que sofre vários cortes, ou Espanha, que também sofreu reduções no Mediterrâneo pelo terceiro ano consecutivo, estão na linha de fogo.

O acordo hoje alcançado prevê para Espanha o corte de 8% na pescada do sul no Mar Cantábrico e uma redução de 5% no linguado.

"Faz falta preservar os recursos pesqueiros, mas também a economia das aldeias piscatórias e o modo de vida dos respetivos habitantes", sublinhou Luis Planas, ministro da Agricultura, Pescas e Alimentação de Espanha.

Já o comissário europeu com a pasta do Ambiente, Oceanos e Pescas, Virginijus Sinkevičius, ressalvou: "A rentabilidade e a sobrevivência do nosso setor pesqueiro dependem da existência de stocks de peixe saudáveis. Sei que algumas medidas são difíceis, mas deixem-me garantir que ninguém deve dar esses passos sozinho."

Para organizações não governamentais (ONG) como a "Our Fish", os ministros europeus têm de comprometer-se a parar com a sobrepesca. Até porque, dizem, o Mediterrâneo está em perigo, como lembrou, antes do encontro, o movimento "Ocean Rebellion", durante uma ação de protesto.

Preocupações partilhadas por Javier Lopez, cientista marinho da ONG Oceana: "A Oceana lamenta que os ministros das Pescas tenham perdido uma oportunidade para assegurar a exploração sustentável de todas as populações de peixe em águas europeias e decidido, em vez disso, exceder os pareceres científicos para cerca de 35% das populações de peixe atlânticas. Não foram suficientemente ambiciosos na redução dos esforços de pesca no mar Mediterrâneo."

Enquanto isso, prosseguem as complicadas negociações com Londres para fixar quotas em águas partilhadas com o Reino Unido.

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