Bruxelas apoia Lituânia em contenda com China sobre Taiwan

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Direitos de autor Mark Schiefelbein/The Associated Press
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De  Euronews
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Braço-de-ferro levou Pequim a impor medidas severas contra Vilnius

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Bruxelas está do lado da Lituânia no braço-de-ferro com a China por causa da abertura de uma representação diplomática de Taiwan em Vilnius. Pequim reagiu, de forma agressiva, à ligação do país Báltico a Taipé.

O apoio foi verbalizado pelo chefe da diplomacia europeia, depois de uma reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia (UE), em Brest.

Josep Borrell disse que há "clara solidariedade" com a Lituânia nesta contenda.

"Algumas coisas [com a China] estão a correr bem, outras nem tanto", sublinhou Borrell.

“No encontro, falámos sobre as atividades chinesas na Lituânia e sobre o impacto dessas atividades na União Europeia como um todo. Os Estados-membros expressaram clara solidariedade com a Lituânia e discutimos como é que podemos exercer pressão de forma ativa para diminuir a tensão gerada pela crise”, acrescentou.

Para desagrado da China, a Lituânia permitiu que Taiwan abrisse uma representação diplomática em Vilnius, em novembro passado. É a primeira do tipo na Europa e a China considera que se trata de uma "violação clara" da política da "China única."

A contenda tem-se intensificado, começando, numa fase inicial, depois de Vilnius abandonar o chamado grupo 17+1 – formato usado pela China para negociar diretamente com os países do leste do bloco – em maio do ano passado.

Pequim começou, sem aviso prévio, por restringir a entrada de mercadorias lituanas no país, levando o estado Báltico a estimular as relações com Taiwan e intensificando ainda mais a guerra comercial entre os dois lados.

Lituânia recua?

Em dezembro, Vilnius disse que não enviaria qualquer representante diplomático para os Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim, mas o Ministério dos Negócios Estrangeiros do país recusa-se, agora, a apelidar isso de boicote.

No início do mês, o presidente lituano, Gitanas Nauseda, também disse que foi um "erro" deixar Taiwan abrir uma representação diplomática em nome próprio, em vez de usar a nomenclatura "Taipé Chinesa" para evitar ameaçar a reivindicação de controlo de Pequim sobre Taiwan.

Estes últimos desenvolvimentos podem ser um sinal de que Vilnius está a recuar na posição original, provavelmente por causa do poder económico da China, que também está a pressionar empresas europeias, como a fabricante alemã de componentes automóveis Continental, a não usar componentes fabricados na Lituânia.

Uma pesquisa recente do Ministério dos Negócios Estrangeiros do país Báltico revelou que apenas 13% da população apoia a posição atual do governo sobre a China, em grande parte devido ao impacto que está a causar nas empresas lituanas.

Um teste de unidade da União Europeia

Vilnius pode estar agora a tentar suavizar o golpe das suas ações, mas as palavras de Josep Borrell, esta sexta-feira, são boas notícias, já que parecem expor a contenda com Pequim como uma questão de toda a União Europeia, que afeta todo o mercado único e não apenas a Lituânia.

O governo lituano também é incentivado pelas palavras recentes do presidente francês Emmanuel Macron, que refere que a forma como a China está a agir na contenda com a Lituânia “continua a preocupar-nos”.

O apoio de Taiwan também aumentará as esperanças da Lituânia de harmonia na União Europeia sobre o assunto, depois de Taipé prometer um fundo de crédito de mil milhões de dólares destinado a ajudar as empresas do país no confronto com Pequim.

Taipé diz ainda querer investir 200 milhões de dólares na Lituânia, com o fabrico de semicondutores – uma área na qual a União Europeia tenta, desesperadamente, avançar.

A última contenda com a China é um verdadeiro teste de unidade para os Estados-membros da União Europeia, embora a forma como isso se desenrola nas próximas semanas e meses possa definir o relacionamento do bloco com Pequim daqui para frente.

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