Bancos privados e elementos da Duma, o parlamento russo, estão na mira das medidas restritivas. Decisão tem como pano de fundo os últimos desenvolvimentos relacionados com a crise entre a Ucrânia e a Rússia
Sem surpresas, a União Europeia (UE) anunciou um pacote de sanções contra a Rússia. Os 27 Estados-membros decidiram, por unanimidade, responder à polémica decisão de Vladimir Putin.
Desfiando tudo e todos, o presidente russo reconheceu, ontem, a independência total dos territórios separatistas pró-russos de Donetsk e Lugansk, na região do Donbass, incluindo a zona controlada pela Ucrânia.
Durante um encontro em Paris, esta terça-feira, os ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia decidiram aplicar sanções a 351 membros da Duma, o Parlamento russo, 27 indivíduos e entidades russas acusados de destabilizar a Ucrânia.
A lista de sanções também inclui o congelamento de bens de bancos privados russos e limita o acesso da dívida soberana russa aos mercados financeiros europeus. O comércio das duas regiões separatistas de e para a União Europeia também será afetado.
O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, disse a União Europeia está pronta para ir mais longe, até porque há questões pendentes, como o que vai acontecer com o resto da região do Donbass, sob controlo da Ucrânia.
"Continuamos em alerta. O consenso e a unanimidade alcançados esta terça-feira não significam que é o fim da história. Guardámos munições para continuar a sancionar o comportamento russo, se for preciso", sublinhou, em conferência de imprensa, Josep Borrell.
Os analistas dizem que para as sanções serem efetivas têm de ser duradouras e abranger vários setores.
O problema é que a Europa também sofrerá danos colaterais pelo caminho.
"Penso que se for um período de tempo curto, o preço não é tão alto. Se for um período mais longo, ou seja, pelo menos até o inverno, espero que no ano que vem, o grande preço a pagar pela Europa seja o gás e a falta de acesso ao gás. Essa é a grande questão. Será a Europa capaz de estar unida perante esta agressão e pronta para responder com sanções que seriam muito dolorosas para a Rússia, mas também muito dolorosas para nós, europeus?", questiona Guntram Wolff, diretor do Instituto Bruegel.
O pacote de sanções foi desenvolvido em coordenação com os EUA, Reino Unido e Canadá.
Entretanto o ministro francês dos Negócios Estrangeiros, Jean-Yves Le Drian, disse "Não" a um encontro com o homólogo russo.