"Atrocidades" em Bucha: a força-motriz de mais sanções contra a Rússia

Imagens chocantes de Bucha aceleraram debate de mais sanções
Imagens chocantes de Bucha aceleraram debate de mais sanções Direitos de autor Rodrigo Abd/Copyright 2022 The Associated Press. All rights reserved.
Direitos de autor Rodrigo Abd/Copyright 2022 The Associated Press. All rights reserved.
De  Efi Koutsokosta
Partilhe esta notíciaComentários
Partilhe esta notíciaClose Button
Copiar/colar o link embed do vídeo:Copy to clipboardCopied

Imagens de aparentes execuções a civis ucranianos desarmados chocaram a comunidade internacional

PUBLICIDADE

As "atrocidades" cometidas durante o fim de semana na pequena cidade ucraniana de Bucha, perto de Kiev, serviram de força-motriz para dar consistência a um novo pacote de sanções contra a Rússia.

Bruxelas equaciona mais restrições e perante esse cenário a possibilidade de um embargo às importações de combustíveis fósseis russos (gás, petróleo e carvão) voltou a estar em cima da mesa. Apesar de países como Estónia, Letónia e Lituânia terem interrompido as importações de gás russo, por exemplo, nem todos os Estados-membros têm o mesmo apetite ou não estão, pelo menos, em condições de o fazer nesta fase. Caso da Alemanha.

"Temos de cortar todas as relações económicas com a Rússia, mas neste momento não é possível cortar o fornecimento de gás. Precisamos de algum tempo. Então temos de diferenciar entre petróleo, carvão e gás", sublinhou, esta segunda-feira, o ministro alemão das Finanças.

O quarto pacote de sanções, em vigor, não deteve as ambições bélicas do presidente russo, Vladimir Putin.

Mas até que ponto é que uma quinta ronda de sanções, que inclua um embargo aos combustíveis fósseis russos, pode ser uma solução?

Nathalie Tocci, diretora do Instituto Italiano de Assuntos Internacionais, explica: "através das nossas compras energéticas de petróleo, carvão e gás estamos a financiar a Rússia com 850 milhões de euros por dia. Se parássemos de fornecer esses 850 milhões, será que guerra terminaria amanhã de manhã? Provavelmente não, mas possivelmente duraria muito menos tempo do que de outra forma. Então é dinheiro importante."

A avançar-se para esse embargo o gás poderá, eventualmente, ser poupado, mas qual o impacto sobre os cidadãos europeus?

"Devemos perguntar isso em vez de nos perguntarmos, qual é o custo das sanções económicas em comparação com o quê? Normalmente, a comparação é com aquele mundo maravilhoso em que pensávamos que iríamos crescer a 3%, 4% ou 5% do PIB. Esse mundo já não existe. O verdadeiro ponto de comparação é saber qual é o custo dessas sanções em relação ao custo económico, humanitário, de não parar Putin. E o custo económico de não parar Putin é o custo económico do que pode vir a tornar-se uma III Guerra Mundial. Isso é muito mais caro economicamente, obviamente também em termos humanos, em comparação com o custo das sanções, incluindo as sanções mais pesadas sobre o setor da energia", acrescenta Nathalie Tocci.

O reforço das sanções contra a Rússia deverá ser discutido esta quarta-feira pelos embaixadores europeus. Espera-se um anúncio no final desta semana.

Partilhe esta notíciaComentários

Notícias relacionadas

"Estado da União": Escândalos políticos "aquecem" campanha eleitoral

Lei da "influência estrangeira" afasta Geórgia da UE, alerta Charles Michel

Presidente do Conselho Europeu alerta para "horas críticas" nos ataques Israel-Irão