Escola ucraniana abre portas em Bruxelas

A escola Vesna foi co-fundada por Maria e Kira, com raízes ucranianas e russas
A escola Vesna foi co-fundada por Maria e Kira, com raízes ucranianas e russas Direitos de autor Euronews
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De  Pedro Sacadura
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Refugiados - crianças e adolescentes - voltam a ouvir falar ucraniano na sala de aula depois de conseguirem escapar à guerra

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A guerra na Ucrânia forçou milhares de refugiados - crianças e adolescentes - a deixar a escola e estudar longe de casa. Muitos deparam-se com problemas linguísticos à chegada a diferentes países da União Europeia.

Em Bruxelas, abriu hoje portas uma escola privada ucraniana (Vesna), feita à medida dos ucranianos, onde se podem aprender, entre outras coisas, idiomas locais da Bélgica. A língua de base é, no entanto, o ucraniano.

Uma oportunidade para Helena Shvab respirar de alívio. Oriunda de Kiev, chegou recentemente a Bruxelas com os filhos Dima, de 14 anos, e Maxim, de seis, mas a integração dos dois não tem sido fácil.

"Penso que esta possibilidade é ótima porque eles realmente não conseguem encontrar amigos da mesma idade. O Dima - o mais velho - não queria sair de casa e o Maxim não quer brincar com crianças que falam apenas francês. Ele tem medo. Disse-me: não entendo nada", explicou Helena Shvab à Euronews.

Os próximos tempos também serão desafiantes para Sallyann McAlpine.

A professora de inglês voluntária que recebeu os novos alunos na escola Vesna terá de lidar com o sofrimento e a carga emocional de muitos estudantes.

"Houve um aluno que entrou - claramente cabisbaixo - e a mãe disse-me que ele estava muito assustado porque ouvia aviões e lembrava-se do que aconteceu na cidade natal. (...) Sentámo-nos no chão e penso que ele se começou a abrir. Conversámos um pouco, mas a mãe olhou em volta e disse: sim, aqui pode ser um lugar seguro. Isso foi um pouco chocante de ouvir", sublinhou McAlpine.

Já Oleksandra Shymanova, que deixou a cidade de Bucha na Ucrânia, vai trabalhar voluntariamente como psicóloga. À Euronews reforçou a importância de tratar a saúde mental: "vou trabalhar com os alunos psicologicamente. (...) Isso é importante para eles, que não lhes explique a própria história. É muito importante que criem as próprias histórias através das realidades que viveram."

Neste momento, a escola conta com mais de 80 alunos inscritos. Maria Smirnova, uma das co-fundadoras da Vesna, a par de Kira Budyakova, diz que tem capacidade para receber até cem alunos.

Com raízes ucranianas e russas, querem ajudar crianças e adolescentes a fazer a transição do ambiente da guerra e a integrar-se na Bélgica.

"Temos faixas etárias mistas. As crianças estão juntas dos três aos seis anos, dos seis aos nove, dos nove aos 12 e dos 12 aos 16 anos. Então, temos de adaptar a aprendizagem de acordo com essa configuração e também de acordo com o estado das crianças. Alguns deles, podem precisar ir muito devagar porque ficaram muito traumatizados", ressalvou Maria Smirnova.

A escola também funcionará como um centro de conhecimento e um espaço onde os alunos já matriculados em escolas belgas se podem dirigir para manter as ligações com o país natal.

Beneficiará de um espaço cedido durante seis meses. Findo esse período, Maria espera ter acesso a financiamento para desenvolver as operações de forma sustentável porque neste momento está dependente de donativos.

Em Paris estão a estabelecer-se projetos idênticos.

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