Nova queixa contra Buitoni por causa de pizzas contaminadas

A gama de pizzas "Bella Napoli", da Buitoni, é agora alvo de suspeitas
A gama de pizzas "Bella Napoli", da Buitoni, é agora alvo de suspeitas Direitos de autor AFP
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De  Gregoire Lory
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Mulher que ficou doente fez denúncia em França. Resultados das análises revelaram a presença da bactéria E.coli. Caso volta a colocar em questão a segurança alimentar europeia

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Pela segunda vez no espaço de semanas, a empresa italiana Buitoni, que pertence ao grupo Nestlé, volta a ser protagonista de um escândalo alimentar.

Desta vez, uma mulher de 34 anos apresentou queixa, esta quarta-feira, em França. Alega ter ficado doente depois de consumir uma pizza da gama "Bella Napoli", diferente da gama "Fraich'up", que já estava a ser investigada e que foi retirada do mercado. 

O advogado da vítima, Pierre Debuisson, diz que "os resultados das análises revelaram a presença da bactéria Escherichia Coli (E.coli)", tal como no caso de contaminações anteriores ligadas à gama "Fraîch'Up", e de outra bactéria, Shigella.

O caso soma-se a outros 150 casos de salmonela associados aos chocolates Kinder em nove países europeus.

Na prática, revelam falhas no sistema europeu de segurança alimentar, considerado um dos mais seguros do mundo.

Para as associações de consumidores, o problema deve-se, em parte, à falta de meios dos estados e de vontade da indústria.

"Há três anos publicámos um relatório que destacava uma redução bastante preocupante nos recursos destinados aos controlos oficiais, tanto em termos de orçamento quanto em termos de pessoal dos serviços de saúde. Isto pode levar a este tipo de escândalos, porque se os fabricantes são simplesmente deixados a si mesmos, se confiarmos inteiramente nos controlos que eles fazem, corremos o risco de passar ao lado de certas coisas que não estão em conformidade", explicou, em entrevista à Euronews, Camille Perrin, responsável de política alimentar na Organização Europeia de Consumidores (BEUC).

Em menos de 20 anos, os números de inspetores caiu 7% em Espanha, 10% na Bélgica e 30% em França.

O Parlamento Europeu exige leis mais fortes há vários anos.

Para muitos, não deixa de ser um paradoxo que sejam as empresas a fazer o controlo dos próprios produtos.

Será que os consumidores europeus podem confiar nos sistemas de controlo?

O eurodeputado socialistas francês Eric Andrieu é categórico na resposta: "não. Atualmente está muito bem dizer-se que se produz a melhor comida do mundo, o que é verdade. Mas quando digo, que não - talvez esteja a ser demasiado duro em dizer isso, mas penso que também é deliberado porque temos de fazer progressos nesse campo. Precisamos de melhorar a legislação e ainda há espaço para progressos. Por isso, não podemos estar confiantes. Diria 80%, mas há uma margem de 20% em que ainda temos de avançar para garantir os 100% à escala comunitária."

Contactada pela Euronews, a confederação europeia da indústria de alimentos, FoodDrinkEurope, não comentou os casos específicos antes mencionados.

Mas referiu, numa declaração escrita, que a "segurança alimentar é prioritária" e que continua a trabalhar "com a Comissão Europeia, parceiros da cadeia alimentar e outros stakeholders relevantes para assegurar o mais elevados padrões em matéria de segurança alimentar."

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