União Europeia combate desinformação em chinês

O presidente chinês, Xi Jinping, participa numa videoconferência com líderes europeus (30 dezembro 2020)
O presidente chinês, Xi Jinping, participa numa videoconferência com líderes europeus (30 dezembro 2020) Direitos de autor AP Photo
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A EUvsDisinfo (um projeto da União Europeia criado para monitorizar e responder às campanhas de desinformação) publica dois relatórios em chinês. É a primeira vez que isto acontece. Este organismo costuma publicar os seus relatórios em uma ou várias das 13 línguas, na sua maioria europeias.

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A União Europeia tem vindo, nos últimos sete anos, a combater as campanhas de desinformação pró-Kremlin, no seio do bloco. Agora, as preocupações viram-se ainda mais para o oriente, a China.

Dois relatórios da EUvsDisinfo (um projeto da União Europeia criado para monitorizar e responder às campanhas de desinformação) foram publicados, nas últimas semanas, em chinês. É a primeira vez que isto acontece pois este organismo costuma publicar os seus relatórios em uma ou várias de 13 línguas, na sua maioria europeias.

Ambos os documentos foram sobre notícias falsas relativamente à guerra na Ucrânia.

"A EUvsDisinfo publicou estes dois artigos em chinês para fornecer à população chinesa informação baseada em factos de modo a ajudar a aumentar a sensibilização para a desinformação em torno da guerra na Ucrânia", explicou à euronews um porta-voz da Comissão Europeia.

"No passado, a EUvsDisinfo relatou o alinhamento entre as fontes pró-Kremlin e as fontes estatais e controladas pelo Estado chinês, por exemplo sobre a COVID-19, as violações dos Direitos Humanos em Xinjiang, no Afeganistão e na Ucrânia. Também cobriu as mensagens da China sobre a agressão militar da Rússia contra a Ucrânia", acrescentou.

Pequim recusou-se, até agora, a condenar Moscovo pela sua agressão militar e reafirmou o seu compromisso para com uma relação bilateral sólida entre os dois países.

Bruxelas, juntamente com Londres (Reino Unido) e Washington (EUA), advertiu Pequim contra a prestação de qualquer tipo de assistência que possa ajudar Moscovo a continuar com a guerra na Ucrânia. Condenou, igualmente, os comentários de funcionários chineses que retransmitem linhas oficiais do Kremlin, consideradas falsas, apesar de a China ter assegurado a sua vontade de permanecer neutra.

Isto inclui o argumento do Governo de Vladimir Putin de que esta não é uma guerra nem uma invasão, mas sim uma "operação militar especial" e as afirmações de que existem várias fábricas de armas biológicas, patrocinadas pelos Estados Unidos da América, na Ucrânia que estavam a trabalhar em planos para atacar a Rússia injetando agentes químicos em animais migratórios.

China está a visar a UE com 'mensagens antissistémicas'

Esta postura prejudicou, gravemente, a influência já decrescente de Pequim no bloco dos 27. Em especial, nos estados-membros do Centro e do Leste, apesar de terem sido gastas avultadas verbas, durante a última década, para construir esse relacionamento de boa vontade.

No início de março, os legisladores europeus apelaram à União para que se armasse com "sanções específicas relacionadas com a interferência estrangeira e campanhas de desinformação". A resolução do Parlamento Europeu - aponta tanto a Rússia como a China como os principais infratores.

"A UE apercebeu-se lentamente, durante a pandemia da COVID-19 e da guerra na Ucrânia, que não era só a Rússia, mas também a China, que há anos visavam o público europeu com mensagens antissistémicas", disse à euronews Ivana Karaskova, fundadora e líder da MapInfluenceEU, que mapeia a influência chinesa e russa na Europa Central e Oriental.

A boa notícia, de acordo com Karaskova, é que o bloco já tem leis que dificultam o investimento dos atores estatais não comunitários nos meios de comunicação social europeus. Deveria agora criar legislação que vise as plataformas digitais e a promoção da liberdade dos meios de comunicação social.

"A China tem apanhado boleia nos canais russos na Europa, há já bastante tempo, pelo que quaisquer medidas que visem sítios de desinformação pró-Kremlin terão efeitos secundários também na China", sublinhou a líder da MapInfluenceEU.

De acordo com a Comissão Europeia, a EUvsDisinfo tem agora uma equipa, composta por três especialistas, dedicada especificamente à China.

"Esta pequena, mas crescente equipa trabalha em estreita colaboração com a divisão da China do [Serviço Europeu de Ação Externa] da SEAE e de outras áreas geográficas, refletindo a natureza global e intersetorial das atividades de influência do Partido Comunista Chinês", concluiu o porta-voz da Comissão Europeia.

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