União Europeia longe de um acordo sobre embargo ao petróleo russo

Vista parcial do oleoduto Friendship I Eslováquia, perto da fronteira húngara, fevereiro de 2018.
Vista parcial do oleoduto Friendship I Eslováquia, perto da fronteira húngara, fevereiro de 2018. Direitos de autor AP Foto/MTI, Peter Komka
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Vários estados membros da UE estavam "otimistas" que o 6º e mais complicado pacote de sanções contra a Rússia fosse aprovado num prazo razoável.

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Ao contrário de outras vagas de sanções contra Moscovo, aprovadas rapidamente pelos Estados membros, a União Europeia está longe de um acordo sobre um embargo ao petróleo russo, quase uma semana depois de ter sido proposto pela Comissão.

Quando Ursula von der Leyen apresentou as propostas pela primeira vez na quarta-feira passada, fontes da Comissão Europeia e de vários estados membros da UE estavam "otimistas" que o 6º - e mais complicado pacote de sanções contra a Rússia, com foco num embargo permanente ao petróleo russo - fosse aprovado num espaço de tempo razoável.

"Houve um amplo diálogo com a Hungria, a Eslováquia e a República Checa antes do anúncio", disse uma fonte da Comissão Europeia à Euronews, após o discurso de Von der Leyen aos eurodeputados.

No entanto, poucas horas após o rascunho final ter chegado aos embaixadores de cada estado membro, surgiram falhas de coesão. Sem surpresa, os três países com maior dependência do petróleo rejeitaram  imediatamente a proposta de eliminar o petróleo bruto até ao final de 2023, solicitando um prazo muito maior - até 2025.

Agora, uma semana depois, as negociações parecem andar a passo de caracol e a Comissão Europeia tenta encontrar compromissos. 

Von der Leyen viajou para Budapeste, na segunda-feira, para se encontrar com o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, que anteriormente descreveu as sanções como sendo uma "bomba atómica" para a economia de seu país e insistiu que seriam necessários cinco anos extras e milhares de milhões de euros para mudar completamente a infraestrutura para fornecedores alternativos.

Após a reunião, von der Leyen  fez uma publicação no twitter: "A discussão desta noite com o primeiro-ministro Viktor Orbán foi útil para esclarecer questões relacionadas com sanções e segurança energética". "Fizemos progressos, mas é necessário mais trabalho. Convocarei uma videoconferência com atores regionais para fortalecer a cooperação regional".

Foi cancelada uma videoconferência de acompanhamento agendada para terça-feira. Orbán terá pedido centenas de milhões de euros em financiamento para atualizar refinarias de petróleo, assim como acesso a fundos de recuperação. A UE reteve cerca de 7 mil milhões de euros em fundos de recuperação da Hungria devido a abusos do Estado de direito e alegações de corrupção.

"Para ser justo, a Hungria disse o tempo todo que não queria sanções ao petróleo, cada país tem seus próprios problemas", disse um diplomata à Euronews. Na conferência de imprensa diária, o porta-voz da UE Eric Mamer também procurou minimizar o impasse.

"Está claro que a Hungria, como um país sem litoral, precisa de uma rede de oleodutos adequada para mudar para outras fontes. Mas as questões a serem resolvidas incluem armazenamento e refinamento de petróleo. Isso também requer infraestruturas. Além disso, a transformação do setor da energia foi discutida para tornar a separação do petróleo russo uma realidade."

Negou relatos de que Orbán terá solicitado os fundos de recuperação e disse que "apenas o tema da  energia" foi discutido na reunião e que a videoconferência seria reagendada quando fossem feitos progressos a nível "técnico".

O que se sabe, com certeza, é que os progressos são lentos. Os embaixadores da UE reúnem-se na quarta-feira, mas o otimismo sobre um avanço é silencioso.

Embora seja provável que o 6º pacote de sanções acabe por ser aprovado, não está claro o que isso representará para o próximo pacote - que sem dúvida se concentrará no gás russo.

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