Realizadora Jasmila Žbanić recebeu o prémio durante uma cerimónia no Parlamento Europeu, em Estrasburgo. Filme tem como pano de fundo o massacre de Srebrenica
Estão desfeitas as dúvidas. O LUX - Prémio Europeu do Público para o Cinema 2022 foi atribuído ao filme "Quo Vadis, Aida?", da realizadora bósnia Jasmila Žbanić.
Mais uma vitória para a realizadora de 47 anos, que continua a acumular prémios por um trabalho que os críticos consideram ser um relato pungente do devastador custo humano da guerra.
O filme retrata um episódio negro da história recente, durante o qual as forças do exército bósnio da Sérvia invadiram a cidade bósnia de Srebrenica, em julho de 1995. Mais de 8 mil homens e rapazes muçulmanos bósnios morreram.
"Quo Vadis, Aida?" conta o que aconteceu através de uma mãe, Aida, que trabalhava como tradutora para as forças de paz da ONU na altura.
Uma história que tem paralelo com a atualidade, sublinhou a realizadora, em entrevista à Euronews: "para mim, é muito triste que nós, europeus, não tenhamos aprendido nada com a guerra nos Balcãs. Não aprendemos a falar antes de a guerra acontecer. Agora é uma loucura com a guerra. Mas havia sinais de que estava a ser preparada e nós não olhámos para esses sinais e não encontrámos uma maneira de não haver guerra na Europa. Para mim, isto é muito, muito triste. Fico muito triste por saber que há pessoas a morrer enquanto estamos a falar sobre este assunto."
"Quo Vadis, Aida?" termina de forma ambígua, lembrando que muitos criminosos escapam impunes.
O filme foi aclamado pela crítica e recebeu vários prémios de destaque. Foi nomeado para um Leão de Ouro no Festival de Veneza em 2020 e para os Óscares um ano mais tarde. Continua a somar conquistas.