Procura europeia de borracha ameaça florestas africanas, diz ONG

Um homem não identificado senta-se ao lado de uma árvore derrubada na reserva florestal da montanha Afi perto de Ikom, Nigéria, quinta-feira, 13 de dezembro de 2007.
Um homem não identificado senta-se ao lado de uma árvore derrubada na reserva florestal da montanha Afi perto de Ikom, Nigéria, quinta-feira, 13 de dezembro de 2007. Direitos de autor GEORGE OSODI/AP
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Conclusões constam de um estudo desenvolvido pela organização não-governamental Global Witness

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As plantações industriais de borracha financiadas pela Europa estão a contribuir para a desflorestação em massa, na África Ocidental e Central. Mas a borracha continua de fora dos planos da União Europeia (UE) para combater a desflorestação, de acordo com um novo estudo da organização não-governamental Global Witness.

"A Europa é definitivamente cúmplice de tudo isto. Não são apenas as empresas e os fabricantes de pneus europeus. São também os bancos europeus que estão a apoiar a produção de borracha", sublinhou Giulia Bondi, ativista sénior da Global Witness, em entrevista à Euronews.

A UE diz estar a liderar o esforço para combater a desflorestação, com os líderes mundiais a comprometerem-se em travar com a mesma até 2030 na mais recente cimeira do clima das Nações Unidas, que decorreu em Glasgow.

Mas a Global Witness diz que o cultivo da borracha está em expansão, forçando os moradores de comunidades indígenas a saírem das suas terras para a pobreza.

"O lóbi bem-sucedido da indústria dos pneus levou a Comissão Europeia a tirar a borracha da lista", lembrou Bondi.

A Associação Europeia de Fabricantes de Pneus e Borracha disse, num comunicado enviado à Euronews, que está comprometida em “apoiar iniciativas destinadas a deter a desflorestação.”

"A nossa indústria, juntamente com outros stakeholders importantes, tem sido ativa na criação de soluções para uma cadeia de abastecimento de borracha natural sustentável e continuará a fazê-lo."

Acrescentou que a indústria está "concentrada em combater a desflorestação, fazendo a diferença no terreno, envolvendo-se com as comunidades locais e pequenos proprietários."

As negociações sobre o plano de desflorestação da UE estão em curso e há uma votação prevista para o outono.

Alguns eurodeputados dizem que a Comissão Europeia afirma querer adotar uma abordagem baseada na ciência, mas depois toma decisões politicamente motivadas.

"Não se trata de negociar que indústria é que deve ser deixada de fora de um regulamento. Trata-se de nós, europeus, assumirmos a responsabilidade pela nossa pegada global de desflorestação. Penso que é importante que estudos como os da Global Witness nos mostrem que temos uma contribuição em diferentes áreas do mundo", referiu a eurodeputada socialista alemã Delara Burkhardt.

Com tanta coisa em jogo para a indústria, não será fácil encontrar compromissos, apesar da emergência climática, pelo que as metas verdes da Europa podem demorar mais tempo do que o esperado a atingir.

Veja o vídeo acima para conhecer mais detalhes.

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