Milhões de trabalhadores na Europa não conseguem pagar férias

Por causa da crise de custo de vida, muitos trabalhadores não conseguem pagar férias
Por causa da crise de custo de vida, muitos trabalhadores não conseguem pagar férias Direitos de autor Laurent Cipriani/The Associated Press
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De  Pedro Sacadura
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Estudo da Confederação Europeia de Sindicatos alerta para o problema, agravado pela crise do custo de vida

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Forçadas a ficar em casa, para muitas famílias europeias uma piscina local será o mais perto que estarão de uma escapada de verão.

É o caso de Ismael Albai, pai de quatro filhos. Este ano, os planos de férias deste habitante de Anderlecht, na Bélgica, afundaram-se por completo, entre contas cada vez mais altas e menos dinheiro disponível, agravados pela crise do custo de vida.

"Este ano as coisas estão mais apertadas em termos de orçamento. As férias estão cada vez mais caras e para sair precisaria de pelo menos 5000 euros, no mínimo. (...) Antes, costumávamos ir de férias todos os anos, mas ultimamente saímos de férias uma vez a cada dois, três anos", disse o turista doméstico, em entrevista à Euronews.

O número de trabalhadores na União Europeia que não consegue pagar uma semana de férias tem vindo a aumentar.

De acordo com um estudo da Confederação Europeia de Sindicatos (ETUC no acrónimo em inglês), em 2020, 38 milhões de pessoas, o equivalente a 8% da população do bloco comunitário, estavam nesta situação.

Os romenos, gregos e lituanos foram os mais afetados, com 47%, 43,4% e 41% dos trabalhadores, respetivamente, a não conseguir pagar uma semana de férias. Em Portugal, a percentagem é de 30,5%.

Na Áustria, Dinamarca e Finlândia pouco mais de 7% da população não conseguiu financiar as férias

A Confederação Europeia de Sindicatos diz que é preciso melhores condições laborais, com melhores salários, para evitar um inverno de descontentamento geral.

"Existe um medo real entre os trabalhadores sobre conseguirem chegar ao fim do mês e terem dinheiro para pagar renda, comida e coisas básicas, como conseguir pagar férias em família estão em falta. Isto tem um impacto mais alargado não só sobre o trabalhador, mas também sobre a sua família e a sociedade. (...) O que é realmente importante entender é que os trabalhadores estão muito frustrados e essa frustração poderá fazer-se ouvir nas ruas e junto dos decisores políticos", antevê Esther Lynch, vice-secretária-geral da Confederação Europeia de Sindicatos, na contagem decrescente para o regresso do período pós-férias.

A mudança será tudo menos fácil.

A crise do custo de vida está longe de afetar de maneira igual os planos de férias de todos os cidadãos da União Europeia, com milhares de pessoas nas estradas e aeroportos à procura de evasão.

Uma libertação dos limites impostos pela pandemia de Covid-19.

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