Suspender vistos turísticos para todos os russos divide a UE. O presidente ucraniano fez um apelo nesse sentido, mas vários países, incluindo França, Alemanha e Portugal, estão contra.
Uma proibição geral de emissão de vistos turísticos para cidadãos russos divide a União Europeia (UE) e está na agenda dos chefes da diplomacia, reunidos em Praga (Chéquia).
O presidente ucraniano fez um apelo nesse sentido, mas vários países, incluindo França, Alemanha e Portugal, estão contra.
Estes governos alegam que é preciso manter laços com os cidadãos russos, sobretudo os dissidentes do regime, os jovens e os artistas, entre outros.
Mas noutras regiões da União, nomeadamente no Leste, Escandinávia e Báltico, há quem defenda essa nova sanção.
"Estamos numa altura em que, por exemplo, os homens ucranianos lutam pela sua liberdade e pela do país, enquanto que os homens russos podem viajar para os países do sul da Europa, para fazerem férias, compras em cidades simpáticas, e assim por diante. Simplesmente não é correto e não é justo", disse Urmas Paet, eurodeputado liberal estónio.
Apesar de as viagens aéreas entre a Rússia e a Europa terem sido suspensas, os turistas viajam por terra até países da UE que fazem fronteira com a Rússia e apanham voos para outros locais. Algo que é permitido pelas regras do espaço Schengen de liberdade de circulação.
Desde que a guerra começou, quase um milhão de cidadãos russos entraram em países da UE com vistos turísticos.
Aumentar a burocracia e seletividade
A Finlândia já decidiu processar apenas 10% dos pedidos habituais e outros poderão adotar medidas similares, mas a Comissão Europeia não apoia uma proibição total.
"Não creio que cortar relações com a população civil russa vá ajudar. Penso que esta ideia não teria a unanimidade necessária no Conselho da UE", afirmou Josep Borrell, Alto Representante da UE para a Política Externa.
"Penso que temos de rever a forma como alguns russos obtêm vistos. Certamente não os emitir para os oligarcas. Temos de ser mais seletivos", acrescentou.
Como o tema exige voto por unanimidade, o resultado provável do debate será um acordo político para suspender um protocolo UE/Rússia, de 2007, que facilita a a burocracia dos vistos. O processo deve tornar-se mais lento e dispendioso para os cidadãos russos.