Governo eurocético em Itália pode desestabilizar a UE?

Giorgia Meloni dos Irmãos de Itália é apontada como a mais provável chefe do governo
Giorgia Meloni dos Irmãos de Itália é apontada como a mais provável chefe do governo Direitos de autor Domenico Stinellis/AP Photo
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De  Vincenzo GenoveseIsabel Marques da Silva
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Os altos funcionários e diplomatas da UE não tecem comentários públicos sobre o assunto, mas sente-se uma espécie de desconforto nos bastidores enquanto se aguarda pelo desfecho de eleições num Estado-membro que pode criar instabilidade no bloco.

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As instituições da União Europeia (UE) estão atentas ao caminho que seguirá a terceira maior economia do bloco, depois das eleições parlamentares de 25 de setembro, em Itália.

A guerra na Ucrânia, uma crise energética crescente e tensões na política de migração são os temas que colocam mais desafios nas relações da Itália com os restantes 26 Estados-membros.

"É um grande país com uma grande economia e com uma consideravel influência na política europeia. Portanto, o que quer que aconteça neste país tem um impacto direto em Bruxelas. Toda a dinâmica das negociações nas políticas centrais da UE depende de quem está no poder em Roma", disse Doru Francescu, analista do centro de estudos EU Matrix.

Alguns dos candidatos a primeiro-ministro, tais como Enrico Letta do Partido Democrático, Giuseppe Conte do Movimento 5 Estrelas e Silvio Berlusconi da Forza Italia, já detiveram esse cargo.

Políticos cada vez mais reconhecidos no exterior são Matteo Salvini, da Liga, e Giorgia Meloni dos Irmãos de Itália, da direita mais nacionalista.

Euroceticismo está a alastrar?

Nos últimos tempos suavizaram o tom crítico em relação à União, mas os analistas em Bruxelas dizem que na capital da política europeia continuam a ser vistos como protagonistas do euroceticismo.

"No que se refere à economia e à migração, talvez tentem quebrar o consenso que foi criado na UE, ou pelo menos tornar os compromissos e decisões mais difíceis. Se pensarmos nos exemplos da Polónia e Hungria, quando a direita mais radical chega ao governo, o Estado de direito e a democracia são postos em causa. Trata-se de um problema para toda a UE", afirmou Eric Maurice, analista na Fundação Robert Schuman.

Os altos funcionários e diplomatas da UE não tecem comentários públicos sobre o assunto, mas sente-se uma espécie de desconforto nos bastidores enquanto se aguarda pelo desfecho de eleições num Estado-membro que pode criar instabilidade no bloco.

"De facto, no caso particular da Itália, penso que a burocracia e a chamada "bolha de Bruxelas" se teriam sentido mais confortáveis com governos à semelhança do mais recente, que se situava no centro-esquerda do espetro político italiano, e com os quais já estavam habituados a lidar", explicou Doru Francescu.

De acordo com as sondagens mais recentes, os partidos de Giorgia Meloni, Matteo Salvini e Silvio Berlusconi poderão conseguir uma vitória sem precedentes para a direita, chegando a cerca de 45% dos votos.

Seria mais um governo influenciado por forças conservadoras e de extrema-direita, depois do resultado semelhante na Suécia, que destronou o centro-esquerda, a 11 de setembro.

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