Preços do gás recuam na Europa

Preços do gás recuam no mercado grossista europeu
Preços do gás recuam no mercado grossista europeu Direitos de autor Jean-Francois Badias/Copyright 2022 The AP. All rights reserved.
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Esta segunda-feira, o preço do gás no mercado grossista europeu atingiu o valor mais baixo dos últimos três meses

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Os preços do gás na Europa atingiram o valor mais baixo dos últimos três meses.

Por detrás da queda está a diminuição da procura por parte da indústria assim como dos agregados familiares.

Esta segunda-feira de manhã, os preços na Central Holandesa de Transferência de Títulos (TTF), a principal plataforma comercial da Europa, rondavam os 150 euros por megawatt-hora, caindo por vezes abaixo dessa marca, depois de se fixarem em 156 euros na sexta-feira passada.

A última vez que os preços caíram abaixo do limiar de 150 euros foi no início de Julho.

O recuo nos preços tem lugar depois da Comissão Europeia ter anunciado que as instalações de armazenamento de gás da UE, que são essenciais para a procura adicional durante o Inverno, atingiram uma capacidade superior a 90%.

A notícia, considerada positiva, representa uma vitória, ainda que temporária, na luta do bloco europeu para conter os efeitos da crise energética.

Os preços mais recentes representam um valor muito inferior ao recorde de 349 euros atingido em finais de Agosto, um mês que fez soar o alarme nas capitais europeias e gerando apelos para a imposição de um limite máximo a nível da UE sobre os preços do gás no mercado grossista.

Ainda assim, os preços permanecem excepcionalmente elevados: há um ano, a TTF vendia gás a 38 euros por megawatt-hora.

O preço elevado do gás tem um efeito de arrastamento em todo o sector energético da Europa.

Sendo o combustível mais caro necessário para satisfazer todas as necessidades energéticas, o gás determina o preço final da electricidade. À medida que os preços do gás sobem, o mesmo acontece com as facturas de electricidade, tanto para consumo doméstico como industrial.

A UE está a explorar diferentes vias, incluindo limites máximos de preços específicos e uma referência alternativa à TTF, a fim de diminuir a influência dos preços do gás na electricidade, mas os estados-membros ainda estão divididos na via mais adequada e menos arriscada a seguir.

A tendência de queda nos preços do gás poderá influenciar o debate em curso, podendo servir de argumento para os estados-membros, como a Alemanha e os Países Baixos, que têm defendido métodos mais cautelosos em vez de uma intervenção forçada no mercado.

"A descida dos preços do gás deve-se ao facto de as reservas estarem agora quase cheias ao que acresce as temperaturas amenas registadas até agora", disse à Euronews Simone Tagliapietra, uma colega sénior do grupo de reflexão Bruegel.

"É importante notar que os mercados estão a ver a procura diminuir, nomeadamente no sector industrial", afirma.

Preços do gás no mercado grossista europeu

A poupança de energia tornou-se a peça central da resposta da UE à crise energética. As poupanças são consideradas fundamentais para reequilibrar o desajustamento entre a oferta e a procura do mercado.

Em Julho, os estados membros acordaram num primeiro plano coordenado para reduzir o consumo de gás em 15% entre Agosto e Março.

O plano foi concebido como um escudo preventivo contra a manipulação do fornecimento de gás pela Rússia, o que alimentou a especulação do mercado e levou a que os preços atingissem níveis recorde.

As suspeitas da UE revelaram-se correctas quando o Kremlin encerrou o gasoduto Nord Stream 1, em retaliação às sanções ocidentais.

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Em finais de Setembro foi aprovado um plano separado, centrado na poupança obrigatória de energia durante as horas de ponta.

O sector industrial já foi forçado a reduzir as horas de produção e a poupar custos devido à crise energética.

A produção industrial na zona euro diminuiu 2,3% em Julho, em comparação com o mês anterior, segundo o Eurostat. A confiança dos consumidores atingiu o nível mais baixo de sempre (-28,8% na zona euro), caindo mais do que durante o pico da pandemia da COVID-19.

Um documento não publicado pela Comissão Europeia mostrou grandes poupanças de gás na maioria dos países da UE, embora alguns, como a República da Irlanda, Grécia, Suécia e Espanha, tenham de facto aumentado o seu consumo.

A Presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, disse no mês passado que as perspectivas económicas estavam a "escurecer" e que a actividade empresarial iria "abrandar substancialmente".
Lagarde também previu dois trimestres consecutivos de contracção económica no Inverno, o que equivaleria a uma recessão técnica.

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Os analistas afirmaram que, embora uma recessão fosse dolorosa para os europeus, iria amortecer a procura e fazer recuar ainda mais os preços do gás.

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