Difícil modernização do setor nuclear em França

Como 26 dos 52 reatores nucleares continuam parados, o governo teve de importar fontes energéticas
Como 26 dos 52 reatores nucleares continuam parados, o governo teve de importar fontes energéticas Direitos de autor Laurent Cipriani/AP
De  Christopher PitchersIsabel Marques da Silva
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A empresa EDF, que foi nacionalizada pelo governo, no início deste ano, planeia construir seis novos reatores em três unidades existentes, que deverão estar operacionais em 2035.

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A energia nuclear tem sido fundamental para a produção de eletricidade em França, sendo este o país da Europa com maior número de centrais. A unidade em Paluel, na região da Normandia, visitada pela euronews, é um dos motores da autosuficiência e da capacidade exportadora de energia, mas o setor está cada vez mais ameaçado pela degração das infraestruturas.

Quase metade das centrais francesas foram encerradas, este ano, para trabalhos de manutenção, reduzindo muito a produção elétrica.

Como 26 dos 52 reatores nacionais continuam parados, o governo teve de importar fontes energéticas e a preços muito caros, a que não é alheia a crise gerada com corte de fornceimento de gas russo

A importação sobrepõe-se, agora à exportação, e o diretor da unidade de Paluel, Jean-Marie Boursier, diz que é necessário obter um reequilíbrio: "Há momentos ao longo do dia em que exportamos eletricidade e depois há momentos em que a importamos, uma vez que, como sabemos, a eletricidade não pode ser armazenada".

" Ocasionalmente, somos exportadores de eletricidade para a Alemanha e outros países, mas ocasionalmente somos importadores. Portanto, é preciso equilibrar", acrescentou, em declarações à euronews.

O desafio da sustentabilidade

O presidente francês, Emmanuel Macron, promete modernizar o setor e usar a energia nuclear como âncora central dos esforços do país para deixar de produzir emissões de gases poluentes.

A empresa EDF, que foi nacionalizada pelo governo, no início deste ano, planeia construir seis novos reatores em três unidades existentes, que deverão estar operacionais em 2035.

Ambientalistas de Paluel argumentam que os 50 mil milhões de euros de investimento deveriam ser aplicados em fontes de eletricidade mais sustentáveis.

"Nunca estará pronto em 2035 ou 2037, como anunciado. Isso é certo e está a custar-nos uma fortuna. A EDF tem um grande défice, está falida. É portanto o Estado que paga, ou seja, os contribuintes, como é claro. Com este dinheiro poderíamos fazer muito mias em termos de energias renováveis, tais como a solar e a eólica, e modernizar os transportes", afirmou, à euronews, o ambientalista Jean-Paul Desjardins.

Os analistas dizem que a França poderá enfrenta um inverno com muita animosidade social, com dificuldade em ter energia própria suficiente para enfrentar os meses mais frios. Face à crise energética generalizada, as importações poderão sair muito caras .

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