Zona euro evita contração no último trimestre de 2022

Há um crescente otimismo sobre o crescimento económico europeu e a sua capacidade de exportação
Há um crescente otimismo sobre o crescimento económico europeu e a sua capacidade de exportação Direitos de autor Michael Sohn/Copyright 2022 The AP. All rights reserved
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De  Jorge LiboreiroIsabel Marques da Silva
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Mas a incerteza é ainda elevada, uma vez que a Rússia não mostra sinais de pôr fim àinvasão da Ucrânia em breve.

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A zona euro revelou crescimento económico no último trimestre de 2022, um período no qual a maioria dos analistas e investidores esperava ver uma contração.

O bloco dos 20 países da União Europeia (UE) que usam a moeda única cresceu a uma taxa modesta de 0,1% durante o quarto trimestre de 2022o, em comparação com o trimestre anterior, no qual tinha crescido 0,3%, segundo os números preliminares divulgados pelo Eurostat (agência de estatítiscas da UE), na terça-feira.

"Boas notícias: a zona euro evitou uma contração no último trimestre de 2022", disse Paolo Gentiloni, comissário europeu para a Economia, no Twitter. "Continuamos a enfrentar múltiplos desafios, mas as perspetivas para este ano parecem um pouco mais brilhantes hoje do que no outono", referiu, ainda.

Este dado confirma a tendência crescente de otimismo que gradualmente afasta o espetro de uma recessão muito temida, por causa  da guerra na Ucrânia, a crise energética e o aumento da inflação.

O Fundo Monetário Internacional, as consultoras J.P. Morgan e Goldman Sachs reviram em alta as previsões para 2023, que revela a resistência do bloco face a uma paisagem económica difícil.

Uma recessão é definida tecnicamente como dois trimestres consecutivos de contração económica, embora outros fatores, tais como emprego, salários e investimento estrangeiro, possam ser tidos em consideração.

Inverno revelou-se menos complicado que o previsto

A zona euro não registou um trimestre negativo desde o início de 2021, quando uma nova vaga de infeções COVID-19 e confinamentos empurrou o bloco para uma dupla recessão.

"Ficámos todos muito pessimistas depois do verão, porque os preços do gás subiram muito depois da Rússia ter cortado as exportações de gás para a Europa. Todos estavam a prever uma época muito difícil durante o inverno", disse Grégory Claeys, um membro sénior do Bruegel, um grupo de reflexão económica com sede em Bruxelas, em declarações à euronews após a divulgação dos dados do PIB.

Forte armazenamento subterrâneo de gás, compras de gás natural liquefeito não-russo (GNL), apoio fiscal continuado, planos de poupança de energia a nível da UE e um inverno mais ameno do que o habitual permitiram amortecer o impacto mais devastador da crise energética, observou Claeys, incluindo o temido cenário de racionamento obrigatório de gás e paragens industriais em massa.

Mas a incerteza é ainda elevada, uma vez que a Rússia não mostra sinais de pôr fim à invasão da Ucrânia em breve. Além disso, o continente enfrenta a dura tarefa de reabastecer o seu armazenamento subterrâneo sem qualquer gás russo antes da chegada do próximo Inverno.

A Alemanha contrata

País por país, os números do Eurostat mostram uma imagem mista em toda a zona euro: Bélgica (0,1%), Espanha (0,2%), França (0,1%), Letónia (0,3%) e Portugal (0,2%) estão entre os que registaram taxas de crescimento positivas, embora limitadas.

Por outro lado, a Itália (-0,1%), Lituânia (-1,7%) e Áustria (-0,7%) contraíram-se.

A Alemanha, potência industrial do bloco, registou uma taxa negativa pior do que a esperada (-0,2%), após vários trimestres de crescimento moderado.

O declínio esteve ligado a uma queda na despesa dos consumidores devido à inflação persistentemente elevada.

A Irlanda continuou a ser o país com melhor desempenho, com uma taxa impressionante de 3,5% no quarto trimestre.

As estatísticas do PIB irlandês têm sido criticadas por alguns economistas como enganadoras e desajustadas porque são fortemente influenciadas pelo investimento estrangeiro de multinacionais que procuram beneficiar do notório sistema de baixos impostos do país.

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"O número da zona euro é enviesado pelo da Irlanda", disse Claeys. "Talvez sem o número da Irlanda, a zona euro teria registado um crescimento negativo no último trimestre de 2022".

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