UE dá nota positiva ao esforço de proteção para refugiados ucranianos

Ylva Johansson, comissária europeia para os Assuntos Internos, admite as dificuldades na área da habitação
Ylva Johansson, comissária europeia para os Assuntos Internos, admite as dificuldades na área da habitação Direitos de autor Aurore Martignoni/CCE
De  Vincenzo GenoveseIsabel Marques da Silva
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Comissária europeia Ylva Johansson considera que a diretiva de proteção temporária poderá ser utilizada no futuro e lamenta que tal não tenha sido o caso, em 2015,

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Há um ano, a União Europeia (UE) abriu as suas portas aos refugiados ucranianos, ativando pela primeira vez a diretiva de proteção temporária.

A decisão sem precedentes permitiu que quatro milhões de pessoas tenham um estatuto especial nos Estados-membros, com direito a usufruirem de todos os serviços públicos, até março de 2024.

A Euronews entrevistou a comissária europeia para os Assuntos Internos, Ylva Johansson, a quem mostrou relatos de alguns refugiados.

"Estou sempre muito ocupada, por isso não consigo encontrar paz. Tenho, constantemente, de tratar de alguma papelada, porque há um documento que está a expirar ou outra coisa qualquer para o final do ano. E não tenho paz para me dedicar a aprender alemão e a criar a minha filha", disse Albina, refugiada na Alemanha.

Questionada sobre o que pode ser feito para acelearar as questões processuais que os refugiados estão a enfrentar, Ylva Johansson reconheceu que "há muitos desafios pela frente".

"Estamos a acolher quatro milhões de refugiados ucranianos. Este é realmente um enorme desafio para toda a Europa, em particular para os Estados-membros mais afetados, tais como a Chéquia, Estónia, Polónia, e também Alemanha", referiu.

"Mas penso que para ter uma perspetiva, há que ver o que se responderia se alguém perguntasse: há um ano, se seríamos capaz de gerir quatro milhões de refugiados tão bem como fizemos? Penso que muito poucos teriam dado uma resposta positiva, sem qualquer hesitação. Assim, tendo em conta os enormes desafios, penso que conseguimos realmente bons resultados", disse Johansson.

Alojamento é um dos problemas mais complexos

Outras questões preocupantes são o alojamento e o trabalho para os refugiados ucranianos. Marta Jaroszewicz, investigadora em migração  na Universidade de Varsóvia, disse à Euronews que "os migrantes estão mais ou menos adaptados, mas agora há a questão do acesso ao mercado de trabalho e aos apartamentos". 

"Este é o momento em que precisamos de pensar numa estratégia a mais longo prazo", exortou Marta Jaroszewicz.

Já temos mais de 600 mil ucranianos a trabalhar. Temos mais 400 mil que estão registados num centro de emprego. Isto significa que, aproximadamente, metade dos refugiados em idade ativa se encontram mais ou menos no mercado de trabalho.
Ylva Johansson
Comissária europeia para os Assuntos Internos

A comissária europeia concorda que depois de passar a fase de emergência, há que trabalhar nas questões de longo prazo, mas dá exemplos do que considera ser uma tendência positiva.

"Já temos mais de 600 mil ucranianos a trabalhar. Temos mais 400 mil que estão registados num centro de emprego. Isto significa que, aproximadamente, metade dos refugiados em idade ativa se encontram mais ou menos no mercado de trabalho. Temos 750 mil  crianças nas nossas escolas. Não é assim tão mau", disse. 

"Mas é claro que precisamos de fazer mais. A habitação, claro, é um desafio em muitas regiões e cidades", acrescentou.

Ylva Johansson considera que a diretiva de proteção temporária poderá ser utilizada no futuro e lamenta que tal não tenha acontecido em 2015, durante a grande vaga de refugiados da guerra da Síria, quando a diretiva já existia mas não foi ativada.

"Isso deixou-nos numa situação em que ficámos muito divididos sobre a questão da migração, do direito ao asilo. Muitos sistemas de asilo estavam sobrecarregados com muitos pedidos de asilo. Havia longos tempos de espera. Agora, é claro, tambem há desafios. Não vou negar. Mas penso que estamos a lidar com esta crise de refugiados muito melhor. Talvez não seja sequer uma crise, embora seja o maior número de refugiados desde a Segunda Guerra Mundial", afirmou a comissária.

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