Itália e Polónia opõem-se ao acordo sobre os combustíveis sintéticos

A UE quer acabar com motores a combustão em 2035
A UE quer acabar com motores a combustão em 2035 Direitos de autor Toby Talbot/AP2009
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De  Vincenzo GenoveseJorge Liboreiro, Isabel Marques da Silva
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O acordo já tinha o aval do Parlamento Europeu, mas o governo da Alemanha recusou votar o diploma final, no início do mês, criando uma crise política considerável.

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Os governos de Itália e da Polónia estão contra os detalhes do acordo alcançado, no fim-de-semana, entre a Comissão Europeia e o governo da Alemanha, sobre a revisão de nova legislação europeia para proibir a venda de novos veículos com motores de combustão a partir de 2035, em todo o bloco.

Grande potência no setor automóvel, a Alermanha "lidera" um grupo de países da União Europeia (UE) que têm pedido a inclusão de uma exceção para os motores que usam combustíveis sintéticos (menos poluentes que as tradicionais gasolina e petróleo à base da refinação de petróleo).

A Bulgária e a Roménia abstiveram-se durante uma discussão, segunda-feira, ao nível dos representantes diplomáticos permanentes de cada país junto da UE, que preparam as negociações para serem fechadas pelos ministros nas reuniões do Conselho da União Europeia. No caso, uma reunião dos ministros com a pasta dos Transportes e Energia, que decorrerá, terça-feira, em Bruxelas.

A nova legislação visa a neutralidade das emissões de gases poluentes (sobretudo de CO2) neste setor, pelo que, na prática, apenas poderão ser vendidos, a partir de 2035, os veículos com baterias elétricas (ou à base de hidrógenio ou de outras novas fontes de energia não poluentes que possam surgir).

O acordo já tinha o aval do Parlamento Europeu, mas o governo da Alemanha recusou votar o diploma final, no início do mês, criando uma crise política considerável.  Vários Estados-membros, tais como França, Espanha e Países Baixos, disseram que o texto estava encerrado e que não seria reaberto.

Os eurodeputados chegaram a pedir a intervenção da presidente do Parlamento Europeu, tendo Roberta Metsola enviado uma carta aos líderes dos Estados-membros, na recente cimeira de 23 e 24 de março, em Bruxelas.

"Não podemos voltar atrás nos acordos porque, em última análise, trata-se de confiança entre os co-legisladores e a credibilidade do processo legislativo", disse Metsola.

As exigências da Alemanha

Numa tentativa de quebrar o impasse, o vice-Presidente executivo da Comissão Europeia, Frans Timmermans, responsável pelo Pacto Ecológico Europeu, encetou conversações diretas com o ministro dos Transportes da Alemanha, Volker Wissing.

Wissing, um político liberal do partido pró-indústria FDP, insistiu na isenção para os combustíveis sintéticos, uma tecnologia emergente que combina hidrogénio e dióxido de carbono.

Estes combustíveis mais modernos podem ser usados nos motores a combustão tradicionais. Embora, teoricamente, possam ser neutros para o clima, os críticos argumentam que são ineficientes do ponto de vista energético e têm uma viabilidade comercial limitada.

As intensas negociações deram frutos durante o fim-de-semana, mas o acordo ainda não foi tornado público porque será discutido ao nível do Conselho da UE dedicado ao tema.

"A Europa permanece neutra do ponto de vista tecnológico. Os veículos com motores de combustão também podem ser registados após 2035, se utilizarem apenas combustíveis neutros em termos de CO2", disse o ministro Wissing, no sábado, celebrando a notícia.

Mas na reunião dos representantes diplomáticos, esta segunda-feira, os embaixadores da Itália e da Polónia levantaram objeções, com o primeiro a centrar-se nas questões processuais e o segundo na questão das transparência.

A Bulgária e a Roménia também fizeram críticas, mas decidiram abster-se. Não há, assim, votos suficientes para travar o novo acordo obtido (que será votado na terça-feira), sendo esta uma vitória importante para a Alemanha.

Uma vez aprovada a lei, espera-se que a Comissão Europeia divulgue mais pormenores do acordo e esboce as próximas medidas legislativas para implementar a isenção dos combustíveis sintéticos.

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