Financiar o futuro da Europa no Espaço

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Os líderes do setor espacial europeu reuniram-se, na Suíça, para uma cimeira sobre o futuro de alguns dos mais importantes programas, como a Estação Espacial Internacional ou a missão ExoMars.

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Os líderes do setor espacial europeu reuniram-se, na Suíça, para uma cimeira sobre o futuro de alguns dos mais importantes programas, como a Estação Espacial Internacional (ISS) ou a missão ExoMars.

Lucerna foi o palco da cimeira ministerial do Espaço da Agência Espacial Europeia (ESA), um encontro crucial, que reúne, de dois em dois anos, os 22 países membros da agência. Durante 48 horas foi debatido o futuro da Europa no Espaço.

Chegar a consensos é um processo difícil, refere Daniel Neunschwander, que depois de ter sido o representante suíço na agência é agora o diretor de lançadores espaciais da ESA:

“Um conselho ministerial nunca é fácil. Este é o meu sexto conselho ministerial, o primeiro do lado da ESA e posso garantir que é sempre difícil”.

“É sempre muito difícil chegar a um consenso. Mas, acabamos sempre por conseguir. É por isso que temos tido resultados muito positivos. Mas, as noites, as madrugadas, os dias são muito duros”, acrescenta a presidente do conselho executivo do centro aeroespacial alemão (DLR), Pascale Ehrenfreund.

Os dias anteriores à cimeira foram complicados. Em novembro, o módulo de aterragem Schiaparellidespenhou-se em Marte por causa de um problema no sistema de navegação. Uma perda para missão ExoMars, a juntar a um défice de 436 milhões de euros, o que levava membros da indústria a admitir que o projeto conjunto da Europa e da Rússia estava em risco de ser abandonado.

“Tivemos algumas dúvidas. Mas a confiança vinha do facto de que todos, os que precisam de saber, sabiam que íamos continuar. Temos trabalhado como se os fundos já estivessem garantidos”, recorda Vincenzo Giorgio, vice-presidente da Thales Alenia Space, o principal fornecedor da missão ExoMars)).

Prosseguir com a missão ExoMars revelou-se uma aposta vencedora. O governo italiano prometeu mais 35 milhões de euros para o programa.

No jogo da política espacial, a missão ExoMars saiu vencedora: Reino Unido e França garantiram o financiamento necessário para completar o projeto do veículo de exploração (‘rover’) de Marte para 2020.

A missão ExoMars está assegurada e, da órbita de Marte, a sonda TGO (Trace Gas Orbiter) enviou novas imagens em alta definição da superfície do planeta vermelho.

Para David Parker, diretor de voos espaciais tripulados e exploração robótica, da ESA, “há desafios, as coisas nem sempre correm bem. Aprendemos com os erros e seguimos em frente. Mas, penso que o facto de conseguirmos demonstrar que já estamos a retirar proveitos da primeira fase da missão ExoMars ajudou às decisões. Mas, o resultado também tem a ver com o impacto potencial, as emoções que a missão gera e o valioso conhecimento científico que irá surgir dela”.

O outro grande projeto a necessitar de financiamento era a Estação Espacial Internacional.

A ESA chegou a um acordo que deve permitir que o programa continue até 2024. Mas, ainda há grandes questões por responder sobre quando é que a ISS será substituída e pelo quê.

Pascale Ehrenfreund refere que “a Alemanha fez uma contribuição que permite que a Estação Espacial continue até 2024. O nosso governo assumiu o compromisso até essa data. O que irá acontecer depois da Estação Espacial é algo que vamos discutir com os nossos parceiros europeus ao longo do próximo ano”.

“O futuro será decidido nas discussões entre os parceiros da Estação Espacial Internacional. Estamos confiantes que a exploração espacial irá continuar. Falamos sobre a lua, sobre Marte e sempre acreditei que uma coisa não impede a outra”, explica Jean-Yves Le Gall, presidente da agência espacial francesa, CNES.

Nem todos os projetos saíram a ganhar da cimeira de Lucerna. Foi o caso da AIM, a missão para desviar um asteroide.

Vista como um teste para ver se o planeta Terra poderia evitar a colisão de um asteroide, a missão não conseguiu angariar os 100 milhões de euros necessários para prosseguir no modelo atual.

Pascale Ehrenfreund explica que “foi necessário muitíssimo dinheiro da parte de todos os países para assegurar o futuro da Estação Espacial, da ExoMars e de outros programas. Foi essa a razão (porque não se conseguiu o financiamento), não foi por falta de interesse”.

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No total, vão ser gastos 508 milhões de euros por ano em missões científicas e alguns projetos estão já aí à porta.

Segundo David Parker, da ESA: “2018 vai ser um ano fantástico. Vamos lançar o telescópio James Webb, o maior telescópio espacial de todos os tempos. A missão europeia BepiColombo irá a Mercúrio e estamos a trabalhar intensamente no programa científico de uma missão a Júpiter e às suas luas geladas, que será incrível”.

Foi também garantida a transição do pesado lançador europeu Ariane 5 para o menos oneroso Ariane 6. O voo inaugural do novo foguetão deverá ocorrer em 2020.

Milhões de euros vão continuar a ser investidos na observação da Terra e nas telecomunicações. Milhões que os ministros recordam que têm um retorno direto em contratos para empresas de toda a Europa.

“Necessitamos de uma pequena empresa sueca num domínio particular, necessitamos dos alemães, necessitamos dos italianos, dos franceses. Necessitamos que a equipa europeia para o Espaço se una para estar ao nível, por exemplo, dos norte-americanos, que gastam dez vezes mais do que nós (nestes programas)”, explica Thierry Mandon, secretário de Estado da Educação e Investigação do governo francês.

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No total, o conselho de ministros terminou com um orçamento de 10,3 mil milhões de euros para os próximos três a oito anos, um pouco menos dos 11 mil milhões de euros pedidos pela ESA, mas um claro sinal de confiança política no setor espacial da Europa.

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