O longo mergulho final da Cassini em Saturno

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A sonda Cassini encontra-se em órbita entre os anéis de Saturno e o planeta em si. Venha conhecer os cientistas por detrás desta aventura.

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NoLaboratório de Ciência Espacial Mullard, no sul de Inglaterra, encontram-se cientistas que trabalham na missão Cassini-Huygens em torno de Saturno. Já conseguiram aterrar uma sonda na lua Titã e descobriram um oceano de gelo no satélite naturalEncélado. Neste momento, a missão orbita entre os anéis de Saturno e o planeta em si, antes de se despenhar em setembro.

É a partir de um cenário idílico, no meio do campo, que um grupo de especialistas estuda o planeta mais curioso do sistema solar. Como explicar de forma simples a etapa final da aventura Cassini, que culminará em setembro quando a sonda mergulhar em Saturno?

“Há vários anos que a Cassini orbita em torno do planeta. A lua Titã tem servido para mudar a órbita. Foi o que aconteceu no final de abril. E a parte mais entusiasmante é que vamos transitar entre a atmosfera e os anéis 22 vezes até ao fim da missão em setembro. Ao atravessarmos os anéis podemos medir a distribuição de massa e determinar finalmente a quantidade de matéria que orbita em torno do planeta”, diz-nos o investigador Geraint Jones.

“Ainda não conseguimos perceber a duração de um dia em Saturno”

Uma das grandes descobertas até ao momento é a ausência de partículas de matéria nos dois mil quilómetros que separam os anéis gelados das camadas superiores de nuvens de Saturno. A professora Michele Dougherty, do Imperial College de Londres, salienta o quanto temos ainda por descortinar.

“Não sabemos o que há no interior do planeta. Achamos que existe um núcleo sólido e uma camada líquida por cima que gera um campo magnético. Outra coisa, e é uma vergonha reconhecer isto: há 13 anos que lá estamos e ainda não conseguimos perceber a duração de um dia em Saturno”, explica.

Saturno é um imenso planeta gasoso constituído, a 75%, por hidrogénio. Segundo Michele Dougherty, “uma das perspetivas mais interessantes é no seu polo norte, onde se forma uma estrutura hexagonal na atmosfera. Ao observar a rotação dessa estrutura ao longo do tempo, é possível ter uma noção da dinâmica da atmosfera, da matéria que circula de baixo para cima. Alguns dos instrumentos da sonda podem dizer-nos que tipo de moléculas estão presentes. Ou seja, podemos quase saborear a atmosfera sem entrar nela”.

Celebrating one of Cassini’s biggest achievements, #Huygens: the 1st spacecraft to land in the outer solar system https://t.co/N5WQxLv9i8pic.twitter.com/qsIOnFbPTJ

— Airbus Space (@AirbusSpace) 26 de abril de 2017

As luas de Saturno são tão misteriosas como o planeta. Em 2005, a Cassini lançou a sonda Huygens, da Agência Espacial Europeia (ESA), em Titã, um mundo onde chove uma substância semelhante ao petróleo.

Jean-Pierre Lebreton, da ESA, afirma que “a temperatura na superfície de Titã é de cerca de 180 graus negativos. As paisagens são muito idênticas às que existem na Terra: há rios, lagos, mares, oceanos de metano, praticamente. A chuva é uma mistura de metano e etano. Há muitos fenómenos geofísicos em Titã que nos fazem lembrar a Terra. Mas os ingredientes são muito diferentes”.

Sinais de vida em Encélado?

Outra lua que fascina os cientistas é Encélado, que tem apenas 500 quilómetros de diâmetro.

#Enceladus has long been my favorite moon (after, of course, ours). Odds of finding life there keep going up. #NASAhttps://t.co/eRqb1j6Lpx

— Cole Haddon (@colehaddon) 21 de maio de 2017

“Descobrimos que Encélado está coberta de gelo. No polo sul, há fendas nesse gelo. E dessas fendas saem jatos de matéria. A Cassini sobrevoou esses jatos em 2008 e identificou a presença de água salgada, amoníaco, silicato e hidrocarbonetos. São compostos interessantes se estivermos à procura de vida”, declara Sheila Kanani, da Royal Astronomical Society.

“Temos aqui um extintor para nos ajudar a ilustrar as colunas de vapor de Encélado. O vapor sai realmente projetado. Isto serve para mostrar até que ponto Encélado é ativa e como esta lua fica coberta de matéria projetada. Na verdade, é o objeto mais brilhante do sistema solar. Esta matéria preenche também um dos anéis mais vastos de Saturno. Daí a importância deste satélite”, aponta.

O fim da missão Cassini está previsto para o dia 15 de setembro, quando a sonda será deliberadamente projetada sobre as nuvens de Saturno onde irá desintegrar-se, não sem antes enviar informações para a Terra.

“O fim será triste mas destina-se também a recolher dados durante a descida. A órbita vai reduzir-se progressivamente. Durante a abordagem, os instrumentos da Cassini vão recolhendo amostras, de forma a identificarmos a composição da atmosfera. Na última fase, a sonda vai começar a incendiar-se, acabando por tornar-se parte de Saturno. É assim que vai ser o fim desta missão que foi muito bem-sucedida”, salienta Geraint Jones.

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