Variedade híbrida de arroz espanhol para travar caracol maça

Variedade híbrida de arroz espanhol para travar caracol maça
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Cada caracol maça pode destruir, numa noite, uma área de cultivo de um metro quadrado. Problema afeta Portugal e Espanha.

A praga que mais preocupa os produtores de arroz em Portugal e Espanha é o chamado caracol maça, uma espécie originária da América do sul.

Cada caracol maça pode destruir, numa noite, uma área de cultivo de um metro quadrado. Como não tem predadores locais, o caracol maça reproduz-se rapidamente.

"Temos de travar o avanço desta praga que é muito difícil de erradicar. Teremos certamente de conviver com ela. Mas vamos tentar criar as condições para que ela não avance", disse, à euronews, Miguel Ángel Vivas, gestor de uma cooperativa de produção de arroz.

O uso de pesticidas de síntese foi posto de parte. O veneno poderia afetar outras culturas existentes na zona como o marisco. Os investigadores do projeto europeu Neurice estão a testar uma solução mais segura: a água do mar.

"Em função das características de uma parcela, poderá ser melhor aplicar uma ou outra estratégia. Em certas zonas, pode ser mais económico, mais eficiente e mais sustentável inundar os arrozais com água do mar", explicou Maria Del Mar Catalá Forner, agrónoma do IRTA.

A água salgada é uma boa solução para afastar os caracóis mas afeta a produção do arroz. Para resolver o problema, os cientistas europeus estão a tentar desenvolver uma variedade de arroz resistente ao sal.

"Aqui temos um cruzamento entre a variedade asiática e a elite espanhola. Podemos ver que os grãos castanhos, cor de café, do híbrido estão maduros, têm uma boa produtividade e podiam ser vendidos e processados. O que podemos demonstrar é que necessitamos de transferir a tolerância à salinidade à variedade de arroz espanhola para que ela tenha a resistência e mantenha os habituais níveis de produtividade, o que não acontece com a variedade asiática", explicou Camilo López Cristoffanini, investigador da Universidade de Barcelona.

O projeto Neurice envolve vários países europeus e uma instituição científica chinesa. Até agora os resulltados têm sido promissores.

"O que vemos aqui é que alguns dos cruzamentos que fizemos entre as variedades asiáticas e europeias toleram de facto a salinidade, o que é muito interessante porque esses cruzamentos vão manter a produtividade atual da variedade espanhola. E demonstramos que adquiriram a tolerância à salinização e que são interessantes para fazer face às alterações climáticas", acrescentou Camilo López Cristoffanini.

A salinização é um dos principais processos de degradação do solo a nível mundial. Em Portugal, o problema ocorre nas zonas costeiras afetadas pelas marés e nalgumas áreas regadas no sul do País mas a subida das temperaturas e do número de áreas regadas pode levar ao aumento da extensão das áreas afetadas pela salinização.

Os próximos estudos vão decorrer em França e Itália.

O problema da salinização do solo não afeta apenas o delta do Ebro, afeta toda a região do Mediterrâneo, na Europa. É um problema global. No caso do caracol maça, a questão, para o nosso projeto, não é saber se vai chegar a França ou Itália, mas quando chegará se não fizermos nada, acontecerá o mesmo", avisou Xavier Serrat, biólogo da Universidade de Barcelona e coordenador do projeto Neurice.

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