A exposição mundial 2020 no Dubai vai abrir as portas ao mundo, dentro de um ano, naquele que será o primeiro evento do género a decorrer no Médio Oriente. Os organizadores esperam que atraia cerca de 12 milhões de visitantes estrangeiros e gere mais de 30 mil milhões de euros à economia dos emirados.
O encontro vai realizar-se ao longo de seis meses e contar com a participação de 190 países, mais de 80 dos quais com pavilhão próprio.
Grandes obras de construção já foram concluídas. E uma, em particular, está a tornar-se num novo ícone do Dubai.
Em meados de setembro, cerca de 800 especialistas em construção reuniram-se para uma missão única: uma cúpula em coroa, com 130 metros de largura e mais de 67 metros de altura, que será o epicentro da expo 2020. Um projeto de arquitetura ousado, que por trás da estrutura de 724 mil metros cúbicos, tem a simplicidade do dia a dia como inspiração.
"Quando apresentámos o projeto, definimo-lo como a nossa sala da exposição, ou a sala de estar na Expo, e acho que pelo facto de ter um jardim dentro de uma estrutura desta escala, se trata de um projeto singular e muito raro. A isso acrescentamos uma experiência completamente imersiva de 360 graus, que é visível do lado de dentro e do lado de fora, porque o tecido é de fibra de vidro e transmite uma luz extraordinariamente única. A tecnologia por trás de tudo isto é especial, isto nunca foi feito antes", revela o arquiteto Gordon Gill.
Até ao momento, o projeto tem estado dentro do orçamento, avaliado pela HSBC em seis mil e duzentos milhões de euros. Apesar de algumas cidades nunca terem tido benefícios a longo prazo por receber uma exposição, o Dubai pode ser uma exceção. A empresa de consultoria global Ernst and Young prevê que o evento poderia aumentar 1,5% ao Produto Interno Bruto (PIB) anual dos Emirados Árabes Unidos
De acordo com o vice-presidente responsável pela programação da Expo 2020, Shaun Vorster, são esperados no evento 25 milhões de visitantes. "Concretizar 25 milhões de visitas é como levar toda a população de um país como a Austrália a visitar um destino num período de seis meses. Esse é o nosso nível de ambição", afirma.
Parcerias comerciais
O Dubai tem grandes ambições relativamente à Expo 2020. Mas também os países participantes têm expectativas elevadas. Clayton Kimpton é o comissário-geral da Nova Zelândia explicou ao "Business Line" por que é que o país está a investir nesta exposição.
Jane Witherspoon, Euronews: Existem 192 países que virão ao Dubai para a exposição. Como se vai destacar a Nova Zelândia?
Clayton Kimpto: Vemo-nos como criativos, inovadores ... procuramos soluções para problemas que sejam boas para o mundo inteiro.
J.W.: A herança e a história da Nova Zelândia também vão ser abordadas?
C. K.: Sim. queremos que os povos indígenas, os maori, e os valores que eles defendem, estejam no centro do que fazemos. não somos apenas um país que cuida do meio ambiente. vemos que o ambiente e as pessoas estão intrinsecamente ligados. e se cuidarmos uns dos outros, vai ser bom para as gerações futuras.
J.W.: Os vossos maiores parceiros comerciais são a Austrália, a América e o Japão. De que forma este evento pode contribuir para as vossas relações comerciais?
C. K.: As trocas comerciais são incrivelmente importantes para a Nova Zelândia e, apesar dos países que mencionou, e também a China e os EUA serem grandes parceiros comerciais, não estamos a deixar todos os ovos numa cesta.
J.W.: Os Emirados Árabes Unidos são seu 10º maior parceiro comercial. Como deseja desenvolver e fortalecer essa relação no futuro?
C. K.: Os Emirados Árabes Unidos são importantes não apenas pelo que vendemos aqui, mas também pelo que exportamos para o norte da África, para a Ásia Central e a Europa. Portanto, queremos que essa relação se desenvolva e cresça. Já existem várias empresas da Nova Zelândia aqui e queremos que aumentem, com sedes muito maiores e escritórios regionais, para reexportar o que fazem.
J.W.: Laticínios, carne e vinho são algumas das suas maiores exportações. De todas as áreas da indústria que conhece, como por exemplo a da tecnologia, qual gostaria de ver mais desenvolvida?
C. K.: Temos uma indústria de produção de filmes muito grande, que é massiva. Também queremos que as tecnologias de informação. a saúde, a educação, e a tecnologia cresçam. Não queremos que outros setores diminuam. mas essas são áreas que realmente queremos realmente impulsionar. Acreditamos que a Nova Zelândia apresenta soluções surpreendentes que não são apenas boas para nós, mas são boas para o mundo. e é isso que vamos trazer para a exposição.
Distrito 2020
O legado da Expo 2020 está incorporado no plano para a região após a exposição e prevê que 80% do que for construído vai fazer parte do Distrito 2020, uma cidade de última geração dentro da cidade.
O diretor de negócios internacionais, Khalid Sharaf, explica que depois de acolher o evento, o local "será transformado num ecossistema de startups e grandes empresas, conglomerados e instalações de pesquisa e desenvolvimento para criar um ambiente semelhante ao de Silicon Valley".
A exposição está a ser construída numa zona franca, uma área com jurisdição legal própria, com vista a facilitar a instalação e a operação de empresas internacionais e a permitir uma expansão da economia às indústrias do futuro.
"Atualmente, as maiores indústrias que impulsionam o crescimento no Dubai e nos Emirados Árabes Unidos são o setor imobiliário, logística, viagens e educação. Agora, à medida que avançamos, essas áreas vão continuar a ser importantes, mas também vamos ter os setores da inteligência artificial, dos dados e da internet das coisas", revela Khalid Sharaf.
A Expo 2020 está também a contemplar o cenário internacional, tendo já o compromisso de grandes agentes para o financiamento de projetos para o evento principal e futuro legado.
A responsável pelas exposições na Expo 2020, Marjan Faraidooni, conta que a "estratégia definida para o distrito 2020" passa por "falar com os mercados e as empresas para se estabelecerem" o local.
"Expo Live"
Os projetos globais estão a ser aperfeiçoados através do "expo live", um programa de 90 milhões de euros de apoio a projetos criativos que defendam a sustentabilidade e estejam relacionados com o tema "ligar mentes, criar o futuro".
Yousuf Caires, vice-presidente do "Expo Live", afirma que o projeto pretende destacar "a importância de viver uma vida sustentável, dos governos desenvolverem políticas sustentáveis, das empresas adotarem e atraírem práticas comerciais mais sustentáveis, desde o plástico até a maneira como construímos um sítio específico, até à forma como administramos a cidade através do uso de tecnologia".