As estratégias da UE para apoiar os trabalhadores

Em parceria com The European Commission
As estratégias da UE para apoiar os trabalhadores
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De  Efi Koutsokosta
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No Real Economy analisamos o impacto da pandemia do coronavírus no mercado de trabalho europeu

A Organização Internacional do Trabalho prevê a perda de 12 milhões de empregos, na Europa, em 2020. Os setores que correm mais risco incluem o alojamento e os serviços alimentares, a indústria transformadora, o comércio retalhista e a administração.

No Real Economy, visitamos a Itália, o país mais atingido pela crise, e entrevistamos o Comissário Europeu do Emprego, Nicolas Schmit, para saber até onde pode ir a Europa para apoiar os trabalhadores. E vamos conhecer o novo instrumento financeiro da União Europeia (UE) para apoiar as empresas e os trabalhadores europeus.

SURE

O SURE é um programa de apoio para mitigar os riscos de desemprego numa situação de emergência. Há até 100 mil milhões de euros disponíveis, entre eles  25 mil milhões de garantias dos estados-membros da UE. 

Os Estados podem candidatar-se ao apoio depois de terem ativado o processo para ajudar os trabalhadores por conta de outrem ou os trabalhadores independentes que perderam os rendimentos. O apoio chega sob a forma de um empréstimo em condições favoráveis.

Desemprego

Para ajudar os países mais afetados pela crise do coronavírus, como Itália, Bruxelas anunciou a criação do programa SURE para preservar os postos de trabalho e os empregos afetados pelo confinamento. Gemma vive em Brescia, perto de Milão. Agora está num regime de horário reduzido e trabalha apenas algumas horas por semana. Este mês, vai receber 80% do salário.

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"O meu marido também trabalha na empresa, os dois salários irão obviamente baixar. Se é uma questão de um mês ou dois vamos tentar reduzir custos e aguentar Se for mais, teremos obviamente de fazer um novo plano. A empresa onde eu trabalho é saudável. O meu receio é que eles sejam obrigados a fazer uma redução de pessoal" .

Gemma trabalha numa empresa têxtil familiar que quase parou a produção. Filipo Ciocca, o presidente da empresa, já perdeu 35% do volume de negócios anual. Para não perder a próxima coleção, está pronto a colocar gradualmente os seus empregados nos postos de trabalho.

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"Temos de encontrar as ferramentas para que as pessoas possam ser mantidas, mas não podem começar a trabalhar a partir do primeiro momento em que abrirmos a empresa. Foram criados esquemas de redução do horário de trabalho para momentos de crise. Penso que as ferramentas que têm de ser adotadas pelo Estado e pela comunidade europeia também devem ser excecionais".

Desde o início da crise, o governo italiano direcionou 8 mil milhões de euros para cerca de 7 milhões de trabalhadores por conta de outrem e 4 milhões de trabalhadores independentes.

Giovanni  Scandanle é  motorista de táxi. Já não tem clientes suficientes para pagar a hipoteca nem as despesas. 

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Deveria ter recebido 600 euros do governo em março e 800 euros em abril. Continua à espera do dinheiro. 

"É muito pouco e espero que a União Europeia nos possa dar uma ajuda para podermos fazer face a esta situação e continuar a pagar todas as despesas que temos para conseguirmos viver". 

Itália é o segundo país mais endividado da Europa e o Fundo Monetário Internacional prevê que o PIB do país desça 9,1% este ano. Sem uma assistência adequada, os trabalhadores mais afetados por esta crise correm o risco de passar por grandes dificuldades.

O chefe da Confederação Europeia dos Sindicatos, Lucas Visentini, considera que esta recessão pode prejudicar profundamente a economia e o emprego europeus, a menos que a Europa tome medidas realmente generosas.

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"Defendemos que o plano de recuperação deve implicar pelo menos o dobro do montante do orçamento europeu, não apenas 1% do PIB da União Europeia, mas 2%. 

Assim, precisamos de mais 1 bilião de euros disponíveis e a única forma de financiar tudo isto e de garantir um financiamento real é ter algum tipo de obrigações europeias em vigor". 

Nicolas Schmidt -Comissário Europeu para o Emprego e Direitos sociais

Euronews (Efi Koutsokosta) - As últimas previsões falam da perda de 12 milhões de postos de trabalho a tempo inteiro na Europa. O que pode ser feito?

Nicolas Schmit - Em primeiro lugar, penso que temos de manter o maior número possível de pessoas nos seus empregos. É isso que tentamos fazer através do SURE, o instrumento do trabalho a tempo reduzido que espero que possa ser adotado muito em breve. Em segundo lugar, temos de preparar a recuperação, temos de ser muito corajosos para relançar a nossa economia o mais rapidamente possível, respeitando os constrangimentos de saúde que ainda são muito apertados. Isto é algo que os Estados-Membros começaram agora a fazer, cautelosamente e progressivamente, a fim de limitar o impacto no emprego. Isto é algo que tem de ser feito agora, imediatamente e tem de durar algum tempo.

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Euronews - Alguns dos países mais atingidos, como a Itália ou a Espanha, já têm economias fracas e dependem de setores em dificuldades, como o turismo. O que pode ser feito para os ajudar?

Nicolas Schmit - Os países não foram atingidos da mesma forma e os setores não foram atingidos de mesma forma. Se olharmos para alguns países onde o turismo representa mais de 10%, por vezes 20%, como na Grécia, aproximadamente, 20% do PIB, isso será um verdadeiro golpe. Portanto, em primeiro lugar, temos de ajudar estes países a manter vivas as empresas do setor do turismo ou de setores relacionados com o turismo. E isto significa que temos de ter um nível de solidariedade na Europa.

Euronews - Há uma grande parte da população europeia que trabalha na chamada "economia paralela", que perdeu os postos de trabalho e não pode legalmente requerer o subsídio de desemprego. Como é que estas pessoas podem ser protegidas? Está a considerar a possibilidade de as incluir nos novos instrumentos?

Nicolas Schmit - Lancei há algumas semanas a iniciativa de combate ao trabalho não declarado, mas foi antes da chegada do vírus. Insisti no facto dessa situação já não ser algo que deva acontecer na Europa. Mas sou realista. Infelizmente, em alguns Estados-Membros, esta economia não declarada e ainda é muito elevada. Dar a estas pessoas a possibilidade de terem um rendimento é absolutamente indispensável. E depois, tentar trazê-las para empregos declarados e continuar a combater o trabalho não declarado. Porque isso é mau para as pessoas. É mau para a economia. É mau para as finanças públicas. É mau para os nossos sistemas de segurança social.

Nome do jornalista • Efi Koutsokosta

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