As bactérias sintéticas podem ajudar a prevenir a Covid-19?

Em parceria com The European Commission
As bactérias sintéticas podem ajudar a prevenir a Covid-19?
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De  Julian GOMEZ
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Investigadores europeus estudaram um género de bactérias para desenvolver vacinas contra doenças respiratórias. A equipa envolvida neste projeto de investigação europeu diz que a mesma plataforma pode ser aplicada para desenvolver uma vacina contra a Covid-19

Os investigadores europeus do Centro de Regulação Genómica de Barcelona trabalham há vários anos em vacinas sintéticas que podem agora ser aplicadas para, eventualmente, travar o coronavírus.

Os investigadores estudaram um género de bactérias chamado mycoplasma para desenvolver vacinas contra doenças respiratórias, primeiro em animais e depois em humanos. A equipa envolvida neste projeto de investigação europeu diz que a mesma plataforma pode agora ser aplicada para eventualmente desenvolver uma vacina contra a Covid-19 - utilizando as proteínas do coronavírus como antígenos.

María Lluch-Senar, biotecnologista do Centro de Regulação Genómica, explicou-nos o processo.

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"Uma das estratégias é utilizar as proteínas desses vírus como vacinas para treinar o nosso sistema imunitário a produzir anticorpos. É a isto que chamamos "vacinas recombinantes". Assim, quando o vírus aparecer, o sistema imunitário será capaz de bloquear o vírus e eliminá-lo. Mas os desafios são enormes. Trata-se de um processo longo e dispendioso. E, por vezes, não se trata apenas de uma proteína do vírus, mas de muitas diferentes".

As bactérias sintéticas não patogénicas criadas no centro de investigalção de Barcelona foram concebidas para estimular as respostas dos sistemas imunitários dos animais.

Luis Serrano, diretor do Centro de Regulação Genómica e coordenador em Espanha do projeto europeu MYCOSYNVAC, sublinha que uma vez compreendido e criado um organismo, a linguagem universal do ADN permite encontrar formas de novas aplicações biológicas.

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"Temos sido capazes de criar anticorpos.Conseguimos criar moléculas que estimulam o sistema imunitário. Também conseguimos criar enzimas. Podemos matar outras bactérias. Podemos até matar bactérias que infectam os pulmões humanos. Agora, a ideia é sermos capazes de criar proteínas do coronavírus nessas mesmas bactérias. Essas proteínas podem eventualmente ligar-se às células humanas do pulmão e bloquear a entrada do vírus nas células humanas".

Para transformar as bactérias num aliado dos sistemas imunitários, é preciso primeiro disfarçá-las dentro do corpo. Isso é feito através da modificação do genoma da bactéria. Para isso, os cientistas em Bordéus trabalham com levedura.

Yonathan Arfi é microbiologista INRAE , um dos mais prestigiados institutos de investigação sobre agricultura, alimentação e ambiente.

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"Com a bactéria mycoplasma pneumonie não temos muitas ferramentas para produzir o genoma modificado e por isso utilizamos levedura. Dentro da levedura, temos muitas ferramentas que nos permitem modificar o genoma. Somos capazes de remover os genes maus e de inserir aquele que queremos manter. A levedura vai construir, usando a nossa orientação, um novo genoma, a que chamamos

um genoma sintético que basicamente só tem as partes boas que queremos para a nossa vacina".

Em relação à Covid-19, os cientistas pensam que os conhecimentos em biologia sintética poderão eventualmente produzir resultados significativos em certas linhas de investigação. Mas os resultados só estarão disponíviveis no final de 2021.

* Imagens de drones: cortesia Biofaction

Drone pictures courtesy of Biofaction.

Nome do jornalista • Cristina Giner

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