O que vai acontecer após o fim dos apoios da UE ao emprego ?

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A Comissão Europeia recomenda aos países a criação de novos empregos, o apoio aos empresários e a formação em novas competências.

As medidas de apoio ao emprego ajudaram a proteger milhões de trabalhadores na Europa. O que vai acontecer quando essas medidas de emergência chegarem ao fim?

O objetivo da União Europeia é criar uma "Europa social forte" após a pandemia. No âmbito do chamado Pilar dos Direitos Sociais, a Comissão Europeia propôs um plano de ação com três objetivos, que deverão ser alcançados até 2030. Em primeiro lugar, pelo menos 78% dos adultos devem estar empregados. Em segundo lugar, pelo menos 60% das pessoas ter formação todos os anos. O terceiro objetivo é reduzir em pelo menos 15 milhões o número de pessoas em risco de pobreza ou exclusão social.

O plano é financiado pelo Fundo de Recuperação e pelo Fundo Social Europeu Plus. A Comissão Europeia recomenda aos estados membros a criação de novos empregos, o apoio aos empresários e a formação em novas competências para trabalhar nos setores em crescimento, como a transição ecológica e as tecnologias digitais.

Apoios para os jovens empresários

No sul da Itália, na região de Puglia, que vive do turismo e da agricultura, a transição digital está a transformar o mundo do emprego. 

Giovanni Zappatore está prestes a lançar no mercado a mão de Adam: uma mão biónica muito móvel, que funciona graças à inteligência artificial. O engenheiro mecânico italiano recebeu 30 mil euros além de apoio ao nível da gestão de negócios para poder criar uma start-up de alta tecnologia.

A empresa foi apoiada pelo projeto PIN do Fundo Social Europeu que concede apoio técnico e ajuda financeira.

“O projeto PIN foi fundamental para nós porque permitiu-nos obter os primeiros fundos para comprar as primeiras máquinas e criar os protótipos da Mão de Adam. Muitos dos jovens que estudaram comigo mudaram-se para o Norte em busca de trabalho. Trouxemos algumas dessas pessoas de volta o que é uma grande fonte de satisfação para nós”, disse Giovanni Zappatore, presidente e fundador, da BionITLabs.

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Um jovem empresário italiano recebeu apoio europeu para desenvolver uma mão biónica inovadoraeuronews

O projeto PIN do Fundo Social Europeu

Com um orçamento de cerca de 17 milhões de euros, o projeto PIN financiou mais de 500 projetos inovadores. Hoje, a empresa de Giovanni Zappatore emprega 20 pessoas. O empresário italiano aposta na formação para manter o emprego.

“Trabalhamos numa área de alta tecnologia. É importante fazer formação de forma contínua, tanto em termos de soft skills como de hard skills, e também para seguir os bons exemplos em termos de inovação a nível nacional e internacional”, sublinhou Giovanni Zappatore.

O empresário italiano está de olhos postos no mercado internacional e espera melhorar a vida de muitas pessoas graças à mão biónica.

O Pilar Europeu dos Direitos Sociais tem como objetivo a criação de um mercado de trabalho mais justo e mais acessível e também apoia a transição ecológica.

A euronews falou com três arquitetos italianos que voltaram à sua região de origem para criar um projeto que associa agricultura e design. O projeto PIN permitiu-lhes criar uma empresa que concebe embalagens ecológicas e reutilizáveis. Para isso, tiveram de adquirir competências de gestão e adaptar-se ao atual contexto laboral.

“Graças ao projeto PIN e às novas ferramentas que desenvolvemos, como por exemplo, um site dedicado às nossas novas redes sociais muito interativo, podemos falar imediatamente com os nossos clientes e atingimos esse objetivo”, explicou Laura Pirro, fundadora, estúdio DduM.

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Giovanni Zappatore, presidente e fundador da BionITLabseuronews

As competências para a transição ecológica e digital

Todos os anos, o Fundo Social Europeu apoia o percurso profissional de dez milhões de pessoas. De acordo com a OCDE, a aquisição de novas competências é uma condição essencial para realizar a transição digital e a transição ecológica.

“As competências que serão exigidas aos trabalhadores e às empresas terão mais a ver com as tecnologias e com o trabalho a partir de casa. Os Estados membros têm um papel fundamental no acompanhamento das empresas e dos trabalhadores nessa transição. Será necessário dar formação e qualificações aos trabalhadores”, disse à euronews Andrea Garnero, economista da OCDE, especializado no mercado de trabalho.

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Comissário Europeu para o Emprego e os Direitos Sociais, Nicolas Schmiteuronews

A cimeira Social do Porto

Portugal assume atualmente a presidência do Conselho da União Europeia e pretende dar um impulso à implementação do pilar europeu dos direitos sociais, incluindo o emprego, durante a próxima Cimeira Social da União Europeia que se realiza no Porto, em Portugal. 

A euronews entrevistou o Comissário Europeu para o Emprego e os Direitos Sociais, Nicolas Schmit.

euronews: “Quais são as ambições para a cimeira social do Porto?”

Nicolas Schmit: “Em primeiro lugar , trata-se de um sinal muito importante. O encontro em si é uma mensagem. As pessoas estão ansiosas, temem que haja cortes e enormes reestruturações. Queremos passar a mensagem de que a crise não será uma crise de cortes nos serviços sociais e nas infra-estruturas sociais. Precisamos de desenvolvimento económico. Mas, ao mesmo tempo, precisamos da dimensão da coesão social nas nossas sociedades.

euronews: “As recomendações da Comissão Europeia falam na criação de emprego e na transição para novos empregos. Como é que isso vai funcionar na prática?

Nicolas Schmit: “Esse aspeto faz parte do fim dos apoios ao emprego. Para essa transição e para as novas transições ecológicas e digitais, é preciso um nova política de mercado de trabalho muito ativa, e esse é o objetivo das recomendações EASE. É preciso ajudar as pessoas a tirarem partido das transições, dar apoio ao nível da formação, e também, de certa forma, conceder subsídios para a contratação, se necessário, para encorajar as novas empresas e as empresas em geral a contratar pessoas”.

euronews: “Uma das metas do Plano de Ação do Pilar Europeu dos Direitos Sociais é dar formação a 60% dos adultos todos os anos. Para os espetadores que nos ouvem e que queiram aceder a formações, o que devem fazer?

Nicolas Schmit: “Em primeiro lugar, cabe às empresas formar e requalificar os seus trabalhadores. Por isso, temos de apoiar as empresas a esse nível para que formem as pessoas com qualificações mais baixas porque esses empregos também estão a mudar. Diz-se que 90% dos empregos têm uma componente digital. Por exemplo, no setor da construção, também é preciso ter competências digitais e de gestão na área da construção. Em segundo lugar, é preciso reorientar a formação profissional, poder formar-se no trabalho e seguir cursos teóricos. A Comissão pretende apoiar essas estratégias ao nível das empresas, ao nível das regiões, ao lado dos serviços públicos de emprego. Mas é preciso uma estratégia global de formação”.

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