Empresa espanhola constrói estrada com cinzas de papel

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Empresa espanhola constrói estrada com cinzas de papel
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De  Paul Hackett
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Nesta edição de Business Planet, mostramos-lhe como o que até agora se considerava um desperdício pode ser usado como um recurso valioso.

À primeira vista, este novo troço de autoestrada perto de Valência parece-se com qualquer outro.

Mas os segredos estão escondidos debaixo da superfície. Graças à tecnologia pioneira, a empresa espanhola Acciona está a usar cinza de papel para substituir o cimento que normalmente entraria na construção da estrada para melhorar a durabilidade.

Paul Hackett, euronews: Juan José, temos aqui as cinzas de papel. Porque é que isto é bom para fazer estradas?

Juan José Cepriá (gestor de projetos de pesquisa e desenvolvimento da Acciona): Na construção de estradas precisamos dos materiais mais fortes. Para isso, utilizamos normalmente cimento. Estas cinzas de papel não só se parecem com cimento, como cumprem todos os requisitos técnicos do cimento. É também um material amigo do ambiente.

PH: É precisa uma enorme quantidade de cinzas de papel para construir uma autoestrada como esta. Que impacto pode isto ter na pegada de carbono da sua empresa?

JJC: O impacto potencial do projeto é enorme. Calculámos que podemos poupar 65-75% das emissões de CO2 associadas. E se aumentarmos a escala, podemos poupar até 18 mil toneladas de cimento por ano.

Transformar lixo em recursos

O benefício não é apenas a redução de carbono. Ao utilizar cinzas de papel - que são resíduos de papel e pasta de papel queimados que já não podem ser reciclados - a empresa está a transformar o lixo, que muito provavelmente acabaria em aterro sanitário, num recurso.

PH: Juan José, este é um dos três projetos-piloto. Qual é o plano para o futuro?

JJC: Dependendo de como o projeto será aceite, a nossa intenção é alargar o uso a nível nacional e, eventualmente, replicá-lo a nível internacional.

A Acciona é membro do projeto paperChain. O objetivo é aproveitar os resíduos gerados pela indústria europeia do papel e da celulose. Atualmente, o setor - o segundo maior do mundo - tem uma produção anual de 130 milhões de toneladas. 11 milhões de toneladas dessa produção acabam como resíduos não recicláveis.

A iniciativa paperChain faz parte de uma estratégia industrial mais vasta, na Europa, para assegurar uma abordagem mais circular aos recursos naturais.

Paul Hackett, euronews: Johan, acabámos de ver cinzas de papel a serem utilizadas para substituir o cimento nas estradas. Estamos a assistir a uma nova era em que cada vez mais resíduos da indústria do papel e da pasta de papel serão utilizados desta forma?

Johan Elvnert, secretário-geral da plataforma tecnológica europeia Forest-based Sector: As novas tecnologias tornam possível reutilizar e reciclar mais. Um bom exemplo é o projeto paperChain, mas vemos este tipo de desenvolvimentos para tudo - têxteis, embalagens, mesmo não-materiais e até alimentos de peixe provenientes da água de tratamento das fábricas de celulose. Portanto, o melhor não é pensar nisto como um desperdício, mas sim como um recurso.

PH: Melhorar a circularidade ao longo de toda a cadeia de abastecimento não será fácil. Como chegar lá? Qual a rota a seguir?

JE: Para chegarmos a uma economia circular de desperdício zero, precisamos de trabalhar em conjunto ao longo de toda a cadeia de valor. Os objetivos da UE para 2050 são, de facto, muito ambiciosos. Na cadeia de valor baseada na floresta, analisámos como chegar a uma sociedade circular de desperdício zero e vamos trabalhar arduamente para tornar esta agenda uma realidade, mas o apoio da União Europeia é crucial".

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