O InvestEU está a chegar. Saiba como a UE quer incentivar os investidores a investir

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De  Naomi Lloyd, Guillaume Desjardins & Euronews
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A pandemia abalou a confiança dos investidores e grande parte das empresas europeias admite desinvestir na inovaçâo. Para contrariar a tendência, a União Europeia tem um novo plano para relançar a economia e avançar com a transição ecológica.

À medida que a Europa ressurge da pandemia, é necessário investimento para relançar a recuperação económica e criar empregos. Mas os investidores estão a sentir-se hesitantes. Para os encorajar a financiar mais projetos, o programa comunitário InvestEU está a intervir, com uma garantia de 26,2 mil milhões de euros do orçamento da União Europeia e 7 mil milhões de euros de bancos parceiros.

Depois de o Fundo Europeu de Investimento Estratégico, também conhecido com Plano Juncker, ter ultrapassado o objetivo de gerar 500 mil milhões de euros em investimento, espera-se que, a partir de julho. o InvestEU siga os passos do antecessor. Para já, a meta está nos 372 mil milhões de euros em financiamento público e privado.

O dinheiro irá financiar projetos que contribuam para a inovação e digitalização, apoiem as Pequenas e Médias Empresas (PME), sobretudo as mais afetadas pela crise da covid-19, promovam a inclusão social e impulsionem infraestruturas sustentáveis.

Pelo menos 30% de todos os investimentos devem contribuir para a construção de uma Europa mais verde.

Investimento europeu aposta numa revitalização verde

No coração da Silésia polaca, Wałbrzych vive há cinco séculos do carvão. Mas pressão para uma transição tecnológica está a obrigar a cidade mineira a repensar-se e a trabalhar com a União Europeia numa revitalização.

Um empréstimo de 14 milhões de euros do Banco Europeu de Investimento (BEI), apoiado pela Comissão Europeia, está a permitir à cidade sair da era do carvão e renovar o centro.

Wałbrzych recebeu um empréstimo de 14 milhões de euros do BEI para sair da era do carvão e a revitalizar o centro da cidade. O empréstimo tem sido apoiado pela Comissão Europeia.

O investimento vai, de acordo com o autarca Roman Szelemej, "reconstruir quase um quarto da Cidade Velha".

Mas Wałbrzych não é a única cidade a beneficiar do plano de investimento europeu. Também Poznan, a quinta maior cidade da Polónia, está a apostar na requalificação do centro urbano, focando-se na criação de habitação social e acessível.

Estima-se que o programa vá permitir que entre três mil e quatro mil pessoas tenham uma nova casa.

Para financiar este projeto, o promotor, recorreu ao Banco Europeu de Investimento, para um empréstimo de metade do custo total, de forma a contornar a aversão ao risco dos investidores privados.

"Os bancos não confiavam totalmente em nós, esta era uma atividade ligeiramente diferente da que tínhamos anteriormente. E o período de empréstimo que queríamos - inicialmente era de 25-30 anos - foi também um problema. Mas conseguimos que o Banco Europeu de Investimento confiasse em nós", lembra o diretor executivo da empresa responsável, a PTBS, Andrzej Konieczny.

A PTBS espera que o sucesso deste projeto, bem como a confiança do BEI, convença futuros investidores a financiar o próximo projeto.

Chegar onde os investidores privados não chegam

O InvestEU pressupõe uma parceria entre a Comissão Europeia e os bancos nacionais, como o BGK na Polónia, e ainda o Banco Europeu de Investimento. Werner Hoyer, presidente do BEI, reconhece que a inovação e transição ecológica podem ficar comprometidas com a redução do investimento das empresas europeias, mas defende que o instrumento financeiro da União Europeia está já a funcionar como um "selo de garantia" para atrair os investidores mais hesitantes.

Naomi Lloyd, Euronews: Que impacto teve a pandemia na confiança dos investidores?

Werner Hoyer: Tornou as decisões de investimento mais complicadas, porque as receitas e os recursos das empresas estão a tornar-se cada vez mais escassos. As empresas - e todos os anos perguntamos a doze mil e quinhentas quais são as suas intenções - dizem que, infelizmente, precisam de reduzir os investimentos, em particular nos campos inovadores. Portanto, isto é realmente uma grande preocupação para nós e penso que, para a competitividade e papel da Europa no mundo, isto seja uma ameaça.

N.L.: Quais são as prioridades para investir a União Europeia?

W.H.: A digitalização e a inovação são para nós fundamentais. Mas também precisamos de ver que precisamos de investir em infraestruturas que estão a ficar para trás. Vemos, por exemplo, nos casos que descreveu na Polónia, como é importante contribuir para a melhoria das competências, porque o mineiro de carvão que deixa a última mina de carvão no sul da Silésia não vai ser chefe de uma start-up digital em duas semanas. Por isso, precisamos de ajudar estas pessoas a mudar para a nova geração de empregos.

N.L.: Vimos na reportagem que, no início, a habitação social não interessava os bancos privados. O Banco Europeu de Investimento interveio e desencadeou outros investimentos. Isto é frequente?

W.H.: Muito. Algumas pessoas tomam o investimento do Banco como uma garantia de segurança, porque aqui as decisões-chave são tomadas por pessoas com formação técnica ou científica. E isto é provavelmente único no mundo bancário. Podemos contar com muita confiança dos investidores e esperamos que os investidores nos deem 60 a 80 mil milhões de euros por ano em termos de compra de obrigações.

Um dos nossos principais projetos neste momento é a Biontech, o produtor e o inventor da fantástica vacina. Já conhecíamos esta empresa, porque ajudámos a financiar o desenvolvimento dos seus produtos contra o cancro. E quando vieram ter connosco, já no final de 2019, início de 2020, a dizer que algo estava a surgir e que acreditavam que a sua nova tecnologia, que ajudámos a desenvolver, poderia ser útil para combater esta epidemia, ou pandemia, essa é uma situação em que um investidor privado não estaria pronto ou não seria capaz de assumir o risco. Por isso, foi preciso o setor público dar o pontapé de saída para garantir o sucesso.

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