As mulheres e a inovação económica

As mulheres e a inovação económica
Direitos de autor euronews
De  Guy Shone, Emily Wither
Partilhe esta notícia
Partilhe esta notíciaClose Button
Copiar/colar o link embed do vídeo:Copy to clipboardCopied

Nesta edição de The Exchange, vemos como a presença das mulheres no panorama económico é cada vez maior, mas há ainda caminho a percorrer até à paridade total.

PUBLICIDADE

As mulheres quebram barreiras e inspiram uma geração mais diversificada de líderes empresariais a construir um futuro mais justo. Numa tentativa para tornar as ruas novamente seguras - apps de segurança criadas por mulheres estão a crescer em popularidade. Estudos mostram que a diversidade de género conduz a retornos financeiros mais elevados - falámos com um fundo de capitais de risco com o objectivo de elevar as mulheres empresárias.

Alguns dos cargos mais poderosos e importantes do mundo são ocupados por mulheres - Ursula von der Leyen na Comissão Europeia, Christine Lagarde no Banco Central Europeu, Janet Yellen como Secretária do Tesouro dos EUA, e Ngozi Okonjo-Iweala na Organização Mundial do Comércio - fazem parte de um grupo que mostra que as mulheres podem ser tão bem sucedidas como os pares masculinos em posições de poder. Uma das formas de mais mulheres poderem acabar nestes cargos de decisão de topo é impulsionar a participação feminina em indústrias tradicionalmente dominadas pelos homens.

Uma organização que promove a presença das mulheres no topo

Na Europa, a organização STEMettes tem como missão inspirar a próxima geração de mulheres para carreiras na Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática, mostrando uma diversidade de pessoas que trabalham nestes setores. A CEO e fundadora, Anne-Marie Imafidon, é autora e líder empresarial. Esta matemática foi eleita a mulher mais influente do Reino Unido em tecnologia em 2020.

Guy Shone, Euronews: Conte-nos mais sobre os desafios que as mulheres enfrentam quando se trata de carreiras em Ciência e Tecnologia - Até que ponto tem esperança de que uma mudança positiva possa acontecer?

Anne-Marie Imafidon: Há muitas coisas que precisamos de fazer. Penso que a maior alavanca que temos para mudar isto são as normas sociais, se olharmos para a igualdade de salários agora e nos anos 60, quando entraram em vigor aqui no Reino Unido as leis para garantir isso. A STEMettes é um desses espaços em que sabemos que as pessoas são muito bem pagas para trabalharem em muitos papéis diferentes. A sub-representação das mulheres significa, na verdade, que se estivéssemos melhor representadas, estaríamos muito mais perto da paridade salarial. Por isso penso que tudo isto vai levar a sociedade a mudança na abordagem, para dizer que todas as normas sociais precisam de evoluir e de estar refletidas na forma como nós fazemos o que fazemos.

A sub-representação das mulheres significa, na verdade, que se estivéssemos melhor representadas, estaríamos muito mais perto da paridade salarial.
Anne-Marie Imafidon
Fundadora da STEMettes

Apps pela segurança das mulheres

Os avanços da tecnologia têm aumentado os perigos para as mulheres em todo o mundo, quer se trate de assédio online, ter os dados pessoais revelados, câmaras de vigilância, ou rastrear a sua localização, mas algumas mulheres estão a utilizar a mesma tecnologia para ripostar.

Conta Emma Kay, fundadora da WalkSafe: "Tive experiência de assédio sexual, quando era mais jovem. Por isso, compreendi a necessidade uma app como a nossa".

Esta é a app de segurança com crescimento mais rápido no Reino Unido. Segundo a antiga esteticista, estará brevemente disponível em toda a Europa e nos EUA.

"Utilizamos dados criminais reais da polícia e somos a única app que faz isto", diz Emma.

Utilizamos dados reais da polícia.
Emma Kay
Fundadora da 'app' WalkSafe

A WalkSafe angariou 100.000 dólares na primeira ronda de investimento. Para manter a aplicação grátis e disponível para todos, a empresa tecnológica está agora na segunda ronda de financiamento.

A aplicação móvel criada por Emma encoraja as pessoas a tomar medidas de precaução para evitarem estar em situações prejudiciais.

Entretanto, Uta de Veer desenvolveu uma app que permite às pessoas reagir rapidamente se se encontrarem em perigo.

"Recebi e-mails da escola dos meus filhos para estar vigilante, uma vez que algumas das mães foram atacadas, pelo que isto desencadeou a minha ideia", diz a fundadora da One Scream

A aplicação "mãos livres" é ativada por um grito de pânico ou mesmo um sussurro da palavra-chave que envia um SOS para as pessoas da base de dados de emergência do utilizador. A One Scream lançou recentemente assinaturas pagas e está à procura de investimento através de um programa de ajuda sediado nos EUA.

Mesmo se os críticos dizem que os problemas de segurança não podem ser resolvidos apenas pela tecnologia, o número de downloads de aplicações de segurança mostra que estas desempenham um papel importante em fazer com que as mulheres se sintam mais seguras nas ruas.

As mulheres e o financiamento das startups

Para outras mulheres em fase de arranque, não tem sido fácil assegurar o financiamento. Mesmo se há esforços e campanhas para reduzir a lacuna de financiamento, apenas 2% do capital de risco vai para startups lideradas por mulheres.

Isto apesar de estudos que mostram que a diversidade de género conduz a retornos financeiros mais elevados.

Maria Velissaris é a sócia-fundadora da SteelSky Ventures, um fundo de capital de risco 100% feminino que investe em empresas que melhoram o acesso aos cuidados de saúde das mulheres. Vamos ver o que diz sobre o que empresas como a SteelSky podem fazer para ajudar as mulheres empresárias:

PUBLICIDADE

"Entre os empresários de capitais de risco, há menos de 12% de mulheres. Não é possível financiar todas as empresas de saúde feminina. O que estamos a perceber é que quem tem o dinheiro é reflexo das soluções que se veem no mercado. Se diversificarmos a quem é dado o poder de atribuir capital, vamos começar a ver uma mudança nos tipos de empresas que se desenvolvem e nos tipos de fundadores que vemos receber financiamento. Penso que o sucesso vai continuar a gerar sucesso e acredito que 2022 vai ser um ano importante nos cuidados de saúde das mulheres", diz.

O que estamos a perceber é que quem tem o dinheiro é reflexo das soluções que se veem no mercado. Se diversificarmos a quem é dado o poder de atribuir capital, vamos começar a ver uma mudança nos tipos de empresas que se desenvolvem e nos tipos de fundadores que vemos receber financiamento.
Maria Velissaris
Sócia-fundadora da SteelSky Ventures

Negócios em 60 segundos

  • Apesar da frustração da Presidente da Comissão Europeia Ursula von der Leyen de que um acordo sobre regras para as mulheres nas salas de reunião demorou demasiado tempo, a Europa viu progressos com vários líderes de alto nível ao leme de organizações icónicas.
  • A Noruega foi o primeiro país europeu a introduzir quotas nos conselhos de administração em 2008.
  • França tem atualmente a mais forte representação feminina nos conselhos de administração das maiores empresas em bolsa, com 45%.
  • De acordo com a Harvard Business Review, a economia feminina bombeia 15 biliões de dólares em ganhos globais todos os anos. As mulheres continuam a representar um grande motor do consumo - apesar de a Covid ter atingido a força de trabalho.
  • Números das Nações Unidas revelam que globalmente as mulheres ganham apenas 77 cêntimos por cada dólar ganho pelos homens. Apesar de todas as campanhas, a ONU prevê que, ao ritmo atual de progresso, não haverá igualdade salarial até 2069.

Há, claramente mais a fazer para ajudar as mulheres a partir o teto de vidro em qualquer campo em que se encontrem. A pandemia pode ter feito recuar a igualdade de género, mas não há dúvida de que dá aos governos e organizações mais razões para aumentar os esforços para empoderar as mulheres de modo a construir um futuro mais sustentável e mais justo.

Partilhe esta notícia