Será que a indústria da moda pode acabar com a "fast fashion"?

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Desfilamos pelo setor e apontamos o foco para a moda sustentável e para uma empresa líder da indústria dos tecidos amigos do ambiente.

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A moda é uma indústria no valor de 3 biliões de dólares, mas será que a "fast fashion" - a moda rápida - alguma vez sairá de moda? Conhecemos marcas de moda empenhadas em tornar os seus produtos sustentáveis, desde a “passerelle” até ao armário.  A indústria da moda é um gigante que inclui tudo, desde roupas a malas, sapatos ou roupa desportiva. Mas a grande geradora de dinheiro é a moda rápida - a produção rápida de vestuário vendido a baixo preço.

O mercado é inundado diariamente com milhares de novas criações, o que o torna num segmento lucrativo. Mas tudo isto tem um custo ambiental elevado. A indústria é responsável por 92 milhões de toneladas de resíduos têxteis e consome 93 mil milhões de metros cúbicos de água todos os anos. Isto é suficiente para satisfazer as necessidades de cinco milhões de pessoas.

Uma das melhores formas de criar vestuário ético é utilizar tecido amigo do ambiente. Uma empresa que está no negócio das fibras e dos têxteis há mais de 50 anos é o Grupo Lenzing. Ao comprar uma peça de vestuário, deve ter notado que vem com uma etiqueta TENCEL.  Essa é a principal marca de tecidos da Lenzing, produzida com o mercado circular em mente para minimizar o impacto no ambiente.

Bem, penso que é sempre bom pensar em números e "zero" é, claro, um objetivo quando se fala em termnos de carbono neutro - zero carbono. Mas veja onde estamos hoje: estamos numa indústria que tem uma taxa de reciclagem de 1% - um, certo? Nós como indústria temos uma longa jornada à nossa frente, e isso também começa consigo e comigo como consumidores. Precisamos de tomar as decisões certas, comprar menos, comprar boa qualidade, lavar menos. Lavar menos as roupas, quero eu dizer. E depois, em conjunto, podemos levar essa indústria a produzir uma quantidade muito pequena de resíduos.
Stephan Sielaff
CEO, Grupo Lenzing

No Catar, a moda sustentável está a ganhar força numa indústria que procura colocar Doha no mapa, como a capital da moda da região. A moda sustentável ainda é um conceito novo para a maior parte das pessoas do mundo. Mas aqui em Doha, há uma comunidade crescente de eco-fashionistas com o objetivo de se destacarem de forma sustentável.  A RSPR - é a primeira marca de roupa do Catar com uma coleção feita inteiramente com garrafas de plástico recicladas. A fundadora, Rina Saleh, utilizou, pela primeira vez, tecido antimicrobiano para fazer máscaras no início da pandemia.  Encomendas da família real do Catar catapultaram a marca para a popularidade.  Milhares de máscaras depois, Rina lançou a linha de roupa desportiva, RSPR, que chegou às prateleiras do Harvey Nichols e das Galeries Lafayette, em Doha.

É nossa responsabilidade educar os consumidores sobre quais são as vantagens e fazê-los perceber que fazer escolhas de moda ecológicas e éticas não significa que não estarão na moda e que não serão estilosos.
Rina Saleh
Fundadora, RSPR

Rina já está pronta para lançar uma segunda coleção, prometendo os lucros a causas sociais de todo o mundo. A moda sustentável no Catar também está a ganhar forma, de outras formas.

Alunos do ensino secundário executam o Projeto Upcycle. A iniciativa ganhou recentemente o prémio "Global Act with Impact" da THIMUN Qatar, por dar uma vida nova a roupas velhas.

 Como vimos no mundo da arte e do investimento, os NFTs e o Metaverso também estão a dominar o mundo da moda. Marcas e grandes armazéns comerciais estão a entrar na tendência, ao disponibilizar roupas exclusivas no mundo virtual. As plataformas digitais foram identificadas como os principais impulsionadores do crescimento, mas será que também podem ajudar a acabar com a fast fashion, a moda rápida?

É uma ótima pergunta, porque acho que a grande questão, como sabe, é: será que o crescimento e a sustentabilidade são compatíveis? Acho que o metaverso é muito claro. Pode ser muito sustentável agora porque é digital Acho que há oportunidade de crescimento claramente no lado digital, mas é preciso ser de forma sustentável. E, por outro lado, a sustentabilidade, deve surgir de uma forma que seja valorizada pelos clientes e representar uma oportunidade de negócio viável para as marcas.
Achim Berg
Sócio sénior da McKinsey and Company

"Negócios em 60 segundos"

  • França divulga dados sobre a inflação para o mês de abril. A inflação tem vindo a aumentar constantemente desde janeiro, impulsionada pelo aumento dos preços da energia. As pressões inflacionistas estão a tornar-se mais generalizadas em todos os setores da economia, mas ainda estão de acordo com o objetivo do BCE.
  • A empresa alemã de semicondutores Infineon comunica os seus ganhos do segundo trimestre. No início deste ano, a empresa aumentou a sua previsão de receitas para 2022 para quase 15 mil milhões de dólares. O principal fornecedor mundial de chips para a indústria automóvel recebeu um impulso à medida que cada vez mais mercados de automóveis fazem a mudança para veículos eléctricos.
  • E uma das maiores lojas online de segunda mão do mundo – a ThredUp - divulgou os resultados do primeiro trimestre. A empresa norte-americana está a tentar fechar o primeiro ano cotada no Nasdaq, com outro forte trimestre. A ThredUp tem assistido a números recorde de compradores ativos e primeiros compradores na sua plataforma, nos últimos três trimestres.

Depois de alguns anos difíceis, a indústria da moda está a regressar aos padrões de consumo pré-pandemia, o que é um bom presságio para as vendas gerais.  Mas a rápida ascensão da moda ultrarrápida não está apenas a causar níveis alarmantes de danos ambientais, está também a ampliar as diferenças salariais e a preocupar os compradores. As marcas de vestuário devem começar a levar a sério as práticas éticas para que o setor cresça de forma sustentável.

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