Onze anos após o desastre nuclear que abalou a região, habitantes e autoridades querem assegurar a qualidade dos produtos locais e o fim das restrições à importação.
Onze anos após a catástrofe, os habitantes de Fukushima estão a reconstruir a região. No entanto, os danos na central nuclear ainda colocam desafios às autoridades. Um deles é o da água que entrou em contacto com o combustível e se tornou radioativa.
Cabe a uma central da Companhia de Energia Elétrica de Tóquio (TEPCO) filtrar a água contaminada, que depois é armazenada em tanques, cuja capacidade máxima de armazenamento será atingida em 2023.
Por essa razão, a descarga de água tratada para o mar está prevista para a próxima primavera. Nessa altura, explica o porta-voz da companhia elétrica, Takahiro Kimoto, "a água tratada será misturada com água do mar para ser diluída. Uma vez diluída, será descarregada para o mar a um quilómetro de distância através de um túnel".
O processo permite a eliminação de quase todas as substâncias radioativas, exceto o trítio, que é inseparável da água. No entanto, investigadores defendem que o elemento radioativo é pouco perigoso.
De acordo com Jean Christophe Gariel, diretor adjunto do Instituto de Proteção Radiológica e Segurança Nuclear, "as características do trítio que vai ser libertado em Fukushima são semelhantes às libertadas pelas centrais nucleares de todo o mundo".
A informação deixa. ainda assim, os pescadores apreensivos, mas desta vez o motivo da preocupação não é a qualidade da água do mar:
"Há uma hipótese muito pequena de haver impactos na saúde, mas o grande medo é a má publicidade", revela Tetsu Nozaki, presidente da Federação das Associações de Cooperativas de Pesca de Fukushima.
Autoridades garantem qualidade dos produtos locais
Tatsuya Watanabe é chefe de cozinha e, todos os dias, compra peixe para o seu restaurante na lota de Onahama. Depois da passagem pela lota, segue-se a visita ao mercado, onde o restaurador garante os abastecimentos diários com Nagatoshi Shiraishi.
De um lado, o chefe, do outro, o agricultor. Dois homens empenhados na reconstrução de Fukushima.
"Tive muita sorte ao encontrar um chefe de cozinha local de confiança, logo depois do desastre. Ele e os seus amigos chefes de cozinha, e eu, com a minha rede de agricultores, fomos a força motriz para criar algo em conjunto, ao fazermos as pessoas quererem voltar a Fukushima para comeram boa comida. Penso que esse é o primeiro passo para a reconstrução", afirma o produtor.
Encorajado por clientes fiéis. Tatsuya Watanabe decidiu reabrir o restaurante que criou em Iwaki, a cidade onde nasceu.
Hoje, sente-se confiante na qualidade dos produtos que serve, apesar da perceção que se generalizou entre os consumidores, após o desastre na central nuclear de Fukushima.
"Houve muitos rumores falsos desde o início. Amigos de amigos disseram que havia peixes deformados. Apesar de lhes ter dito que não era o caso, mandei fazer testes e gradualmente comecei a servir mais produtos locais. Se em abril houver descargas de água tratada, vou continuar a usar peixe de Iwaki".
Com a importação de muitos produtos ainda hoje limitada um pouco por todo o mundo, o Japão espera agora pelo fim das restrições, com base nas análises rigorosas aos alimentos.