Que segredos guarda Samarcanda?

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De  Euronews
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Samarcanda é o primeiro passo da nossa aventura no Uzbequistão, ao longo da Rota da Seda. Como é que a Pérola do Islão está a ser preservada? O que significam os símbolos nas históricas fachadas?

Tamerlão, o conquistador, levou 35 anos para a transformar numa capital de sonho, para onde convergiam artesãos e arquitetos de todo o Império. Hoje em dia, a palavra-chave é preservar. Se há cidade que é o epíteto da antiga Rota da Seda, é Samarcanda. O rei Tamerlão juntou neste sítio os maiores cientistas e filósofos do século 14. Aqui se cruzavam os conhecimentos mais avançados da época, entre culturas e religiões diferentes, e um espírito empreendedor centrado no comércio. A herança deixada é única. Mas o tempo é uma ameaça. As equipas de restauro não têm mãos a medir.

Na Praça Registan, trabalha-se para recuperar a madraça de Ulugh Beg. Davlat Khakimov, membro dessas equipas, salienta que “é uma operação muito difícil e meticulosa, porque temos de nos certificar que cada azulejo encaixa no conjunto, em termos de cor, desenho e tamanho. Depois colocamos o painel num suporte e posicionamo-lo no tímpano sobre o frontão.”

Todos os anos, um exército de cerca de 90 trabalhadores especializados dedica-se a salvar a herança histórica de Samarcanda. Esta etapa em particular, composta por mais de 3 mil azulejos, levou 15 dias a completar. É tudo feito manualmente, respeitando integralmente a tradição. Até as cores são preparadas com as fórmulas antigas. Khakimov conta que quando começou a trabalhar aqui, em 1981, “isto estava tudo degradado. O segundo piso já nem existia. A fachada tinha praticamente desaparecido. Ao longo dos anos, isto tem sido restaurado para mostrar como era dantes.”

Um trabalho que revelou mensagens perdidas no tempo. As três madraças da Praça Registan são consideradas um exemplo de excelência da arquitetura islâmica. Nas paredes vivem escritos e símbolos de caráter pedagógico. O historiador Fazlidin Fakhridinov afirma que “há desenhos de plantas que apresentam ramos sem fim, com folhas verdes, que simbolizam os jardins do Paraíso. Os ornamentos em espiral correspondem à vida eterna.”

A madraça de Sher Dor é um dos maiores enigmas – nela figuram tigres que parecem quebrar a interdição de representar animais nos edifícios religiosos. O significado prende-se com a busca da verdade e as recompensas divinas. Fakhridinov aponta uma parede onde “vemos ornamentos geométricos que parecem simplesmente elementos decorativos. Mas, na verdade, são letras e palavras. Se olharmos com mais atenção podemos ler Maomé, o nome do Profeta.” Samarcanda é a terceira maior cidade do Uzbequistão. Em 2001, o núcleo histórico passou a fazer parte da lista de Património Mundial da Unesco.

A 25 quilómetros encontramos um exemplo da arquitetura islâmica contemporânea. O mausoléu do Imã al-Bukhari é um dos pontos de peregrinação mais visitados do Islão. O complexo foi construído em 1998 a partir de um memorial edificado no século 16. “O Imã al-Bukhari recolheu mais de 600 mil hadith, que são os registos dos preceitos do profeta Maomé. Ele sabia-os de cor”, sublinha o imã Zayniddin Eshonkulov.

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