Solidária com Reino Unido, NATO defende reação "proporcional"

Jens Stoltenberg, secretário-geral da NATO
Jens Stoltenberg, secretário-geral da NATO Direitos de autor REUTERS/Yves Herman
De  Isabel Marques da Silva
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O secretário-geral da NATO, Jens stoltenberg, esclareceu que "não houve pedido para aplicar o artigo 5" por parte do Reino Unido, mas disse que a aliança vai manter-se vigilante e criticou o comportamento da Rússia, que considera seguir um padrão preocupante.

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A NATO está solidária com o Reino Unido no caso do envenenamento do ex-espião russo e da filha e mantém-se vigilante, mas o secretário-geral, Jens Stoltenberg, esclareceu que "não houve pedido para aplicar o artigo 5". 

"É importante reagirmos de forma proporcional, contida e defensiva", acrescentou Stoltenberg. A invocação do artigo 5 significa que o país atacado pede para receber o apoio de todos os restantes membros da NATO.

Stoltenberg denunciou, também, um "padrão de comportamento" mostrado pela Rússia nos últimos anos, referindo-se ao conflito na Ucrânia e à presença militar que Moscovo impôs à Moldávia e à Geórgia.

Apesar do tom cauteloso, dizendo que os aliados "não querem uma nova Guerra Fria", o facto é que a NATO considera o caso muito sério.

"O ataque em Salisbury é muito alarmante para a NATO em geral porque mostra que o conflito com um presumível atacante - neste caso, foi apontado o dedo à Rússia - poderá não ter lugar fora do território da NATO, mas no interior do seu território. O secretário-geral mencionou que este incidente se insere num padrão de outros casos similares, o que é muito alarmante para a Aliança", explicou, à euronews, a analista política Kristine Berzina, do centro de estudos The German Marshall Fund for the US, em Bruxelas.

O ex-espião duplo de origem russa Serguei Skripal, 66 anos, e a filha Yulia, 33, foram encontrados inconscientes a 4 de março, num banco num centro comercial em Salisbury, no sul de Inglaterra, e estão hospitalizados em "estado crítico, mas estável".

O facto de ter sido usado um gás neurotóxico, que é uma arma de destruição em massa, é uma grave violação do direito internacional.

Mas um analista militar russo independente, Alexander Golts, considera pouco provável que o presidente russo, Vladimir Putin, tenha ordenado o ataque.

"A Rússia não tinha necessidade de envenenar um ex-coronel dos serviços secretos militares. Além disso, o momento escolhido é extremamente infeliz. Há uma tradição soviética, que creio manter-se ainda hoje, de dizer aos serviços especiais para não efetuarem operações quando se avizinham eventos políticos importantes, tais como as eleições russas. Provavelmente, o ataque foi cometido por alguém que trabalha por conta própria. Como não conhecemos a sua lógica de atuação, é muito difícil tomar medidas defensivas", disse à euronews.

Na segunda-feira, numa intervenção no Parlamento, Theresa May considerou "muito provável" que a Rússia tivesse sido responsável pelo duplo envenenamento e posteriormente anunciou a "suspensão de contactos bilaterais" com Moscovo e a expulsão de 23 diplomatas russos.

A Rússia nega qualquer a responsabilidade no ataque, que já mereceu a condenação de vários governos, incluindo o de Portugal, e de dirigentes como os presidentes norte-americano, Donald Trump, e francês, Emmanuel Macron e a chanceler alemã, Angela Merkel.

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