Insultos marcam último debate antes das presidenciais no Brasil

Milhares de pessoas assistiram ao debate, transmitido pela Globo
Milhares de pessoas assistiram ao debate, transmitido pela Globo Direitos de autor Matias Delacroix/AP
Direitos de autor Matias Delacroix/AP
De  Teresa Bizarro
Partilhe esta notíciaComentários
Partilhe esta notíciaClose Button

Em vez de ideias, insultos. Em vez de um plano para o futuro, acusações sobre o passado. Assim se faz o resumo do último debate para as eleições de domingo no Brasil

PUBLICIDADE

A cordialidade durou pouco tempo no último debate dos sete candidatos à presidência do Brasil. O verniz estalou cedo, mas deixou o sentido de Estado em carne viva especialmente na troca de palavras entre Lula da Silva, antigo presidente e candidato do Partido dos Trabalhadores (PT), e Jair Bolsonaro, presidente em exercício e candidato do Partido Liberal (PL).

Nas três horas e meia que se seguiram, os candidatos desfiaram acusações políticas e pessoais. Em vez de ideias, trocaram-se insultos. Lula acusou Bolsonaro de participar em "rachadinhas", suborno e tráfico de influências corrupção, com a família e outros membros do governo.

Bolsonaro respondeu de voz em riste: "Mentiroso. Ex-presidiário. Traidor da pátria" - atirou o atual presidente antes de devolver a acusação. "Que rachadinha? Rachadinha, os teus filhos, roubando milhões a empresas após a tua chegada ao poder," exclamou.

Na intervenção seguinte, Lula mostrou-se escandalizado. "É uma insanidade. Um presidente vir aqui e dizer o que ele fala com a maior desfaçatez. É por isso que no dia 2 de Outubro o povo vai-te mandar para casa," afirmou o antigo presidente.

Debate desilude eleitorado brasileiro

O longo evento, que começou às 22h30 e terminou já de madrugada, às 2h locais (6h em Lisboa), foi transmitido em sinal aberto pela Globo, a maior rede de televisão do gigante sul-americano, e contou com a participação de Ciro Gomes (Partido Democrático Trabalhista - PDT), Jair Bolsonaro (PL), Padre Kelmon (Partido Trabalhista Brasileiro - PTB), Luiz Felipe D'Ávila (Partido Novo), Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Simone Tebet (Movimento Democrático Brasileiro - MDB) e Soraya Thronicke (União Brasil).

Pelas primeiras reações e a avaliar pela imprensa desta manhã no Brasil, o povo assistiu desanimado ao tu cá tu lá entre os candidatos ao Palácio do Planalto.

Com o Brasil megulhado numa crise profunda, as primeiras reações são de crítica e censura à falta de sentido de Estado e de missão de serviço público.

"Fome, educação, escolas, hospitais, saúde - É disto que deviam falar, não ficar brigando," declarou um empregado de restaurante. Ao lado, um cliente resumia o quadro das três horas e meia com mais sarcasmo:  "Um monte de palhaços discutindo a discutir, sem um plano, sem nada, só entre eles mesmo brigando".

Antes do debate, a sondagem da Datafolha punha Lula a ganhar à primeira volta. Bolsonaro estava em segundo lugar nas intenções de voto com menos 16 pontos percentuais. Se domingo não houver um candidato com a maioria de votos, a novela continua até à segunda volta.

Partilhe esta notíciaComentários

Notícias relacionadas

Lula vence mas Bolsonaro garante segunda volta nas presidenciais do Brasil

Brasileiros em Portugal afluem massivamente às urnas

Brasileiros escolhem entre Bolsonaro ou Lula em presidenciais com 11 candidatos