Conflito linguístico divide a Bélgica

Nas placas de Bruxelas, o neerlandês e o francês surgem juntos, alheios ao conflito entre os falantes, que acaba de fazer cair o Governo. Esta é já a sétima vez que Yves Leterme apresenta a demissão ao rei Alberto II.
Os flamengos exigem, há anos, que as comunidades de Halle e Vilvoorde, situadas na Flandres, mas onde vive uma maioria de francófonos, sejam separadas de Bruxelas com efeitos eleitorais e judiciais. Uma situação que tiraria a 150 mil francófonos alguns direitos, como o de voto.
Bruxelas é a única região onde francês e neerlandês têm idêntico estatuto de línguas oficiais. Embora os francófonos sejam maioritários,
a periferia de Bruxelas fica na Flandres, onde o neerlandês é a única língua oficial.
Na região da Valónia, situada ao sul, a língua oficial é o francês. Na parte leste das províncias de Liège e do Luxemburgo, reside uma minoria de língua alemã.
Um momento marcante do conflito linguístico aconteceu em 1968, quando os estudantes francófonos foram expulsos da Universidade de Lovaina, situada na região da Flandres. A universidade foi dividida em duas, mas continua a ser percebida como um símbolo da colonização da cultura francófona em território flamengo.
Quarenta anos depois, centenas de estudantes quiseram mostrar o seu desejo de unidade: da Universidade e do país.
Na Bélgica, os Governos têm-se sucedido a um ritmo elevado. Após a I Guerra Mundial, o país já teve 26 primeiros-ministros.