Esta paciente inglesa é cega. Hoje, pela primeira vez conseguiu distinguir a sombra refletida no chão.
Graças a um implante ocular e a uns óculos especiais a paciente distingue formas a preto e branco.
A tecnologia foi desenvolvida pela empresa norte-americana Second Sight, especializada em próteses oculares.
Vários pacientes têm sido operados em Lausanne, na Suíça.
“Tive uma sensação de volume, é isso que vemos. Temos mesmo a impressão que vemos algo, ou melhor não vemos, apercebemo-nos de algo”, explica um paciente, operado em Lausanne.
Na Europa, a tecnologia foi testada pela primeira vez em Genebra, em 2008.
Grégoire Cosendai é o responsável suíço da Second Sight.
“O sistema funciona da forma seguinte: as pessoas põem uns óculos que integram um câmara. Essa câmara filma e a informação é analisada por um pequeno computador que reenvia essas informações ao implante. O implante vê um re-estimulação da retina, o que permite às pessoas recuperarem uma visão elementar”, explica Grégoire Cosendai.
A técnica cirúrgica que permite o implante da prótese no olho tem sido melhorada pelo professor Thomas Wolfensberger, em Lausanne.
“Aqui estamos a meio da cirurgia, podemos ver a abertura da parede interna do olho, para poder colocar o implante. O implante é introduzido através da abertura na parede do olho. O gesto cirúrgico que permite fazê-lo é uma prática quotidiana, entre nós. A única diferença é que fazemos alguns gestos suplementares para introduzir o chip no olho. Nese aspeto a tecnologia avançou muito, apesar de a cirurgiasó por si não ser suficiente para tratar os pacientes”, diz o médico.
Após a operação, a equipa médica ajuda os pacientes à adaptarem-se ao novo contexto.
Fatima Anaflous é ortoptista, especializada em exercícios de motricidade ocular.
“Adaptamo-nos às necessidades de cada paciente. Agora estamos a passear. Parece simples e é simpático passear com eles. Com este exercício, os pacientes detetaram coisas mas não conseguiram perceber o que era. Nós descrevemos os elementos que estão à volta deles para que eles os integrem a pouco e pouco”, explica Fatima Anaflous.
Desde os primeiros testes, o implante já foi colocado em 80 pessoas.
O custo da tecnologia ainda é um obstáculo. O dispositivo custo 90 mil euros.
Na Alemanha, a operação pode ser realizada nos hospitais públicos. Nos Estados Unidos, os seguros de saúde podem reembolsar o custo do implante. O dispositivo está à venda no mercado norte-americano.
Os pacientes esperam que, no futuro, a tecnologia possa ser melhorada.
“Quando surgirá um implante ainda melhor, eu estou pronto”, confessa um paciente.
A tecnologia foi concebida para pacientes com doenças da retina e não para pessoas cegas de nascença uma vez que para produzir efeito a cirurgia exige uma retina funcional.