UE mostra-se vaga sobre a Turquia

Bruxelas prefere manter as devidas distâncias com o que se passa na Turquia. A Comissão Europeia não reagiu às ameaças que o primeiro-ministro dirigiu à oposição, um dia depois das eleições municipais que fortaleceram o chefe de Governo. Recep Tayyip Erdogan prometeu ajustar contas com os que o acusaram de corrupção.
A porta-voz da Comissão Europeia, Maja Kocijancic, limitou-se a dizer que “a Turquia, enquanto país candidato, precisa de se concentrar na adesão e nas negociações, assim como trabalhar na agenda europeia”.
Após doze anos de poder, Erdogan é visto, por uns, como o arquiteto do arranque económico do país. Mas, há dez meses, milhões de pessoas saíram às ruas para que deixasse o poder. Recentemente, foram os escândalos de corrupção que vieram à tona. Erdogan sobreviveu.
Há quem tema esta sobrevivência política, como Amanda Paul: “Para o primeiro-ministro Erdogan trata-se de uma vitória fantástica. Ele deve estar a sentir-se em cima das nuvens, mas infelizmente não creio que tenha sido nenhuma vitória para a democracia turca. Em última análise, a Turquia permanece em apuros e precisa de resolvê-los o quanto antes”.
Às acusações de corrupção e à publicação online de polémicas escutas, durante a campanha, o primeiro-ministro respondeu com o bloqueio de redes sociais. Agora, o tom aguerrido de Erdogan mantém-se, apesar da vitória do seu partido nas eleições municipais.
A crise política que agita a Turquia promete continuar até às eleições presidenciais de agosto, sobretudo se Erdogan decidir candidatar-se ao cargo de chefe de Estado.