Operação (im)possível para encontrar caixas negras no Índico

As buscas para encontrar as caixas negras do avião decorrem num dos mares mais hostis do mundo.
De acordo com o investigador que conduziu o inquérito sobre o acidente do avião da Air France no Atlântico, procurar o aparelho da Malaysia Airlines será muito mais difícil.
Encontrar as agora silenciadas caixas negras será apenas o início do enorme desafio que constitui encontrar os destroços no Oceano Índico. Um desafio que pode levar a tecnologia aos seus limites.
O Capitão da Marinha norte-americana, Mark Matthews, explica que o submarino Bluefin-21 vai operar em condições muito difíceis: “A profundidade atual em que o sistema vai operar é a máxima possível. Quando levamos algo até aos seus limites, estamos sempre preocupados com o desempenho. Também estamos preocupados com o fundo lodoso. Normalmente, encontramos destroços aí, mas depende da densidade e do peso do objeto”.
As buscas decorrem numa área com 600 quilómetros quadrados. Os sinais que se pensa pertencerem às caixas negras foram detetados a uma profundidade de cerca de 4 500 metros. Uma profundidade maior do que aquelas onde foram encontrados os destroços do avião da Air France ou do Titanic no Oceano Atlântico.
Para encontrar o avião da Air France, que se despenhou quando fazia a ligação entre o Rio e Paris, foram precisos dois anos e 32 milhões de euros, um valor equivalente ao gasto em apenas um mês de buscas do aparelho da Malaysia Airlines.
Vinte e seis países estão a participar na operação internacional de buscas. A Austrália, que está a liderar as operações, contribuiu até agora com metade dos custos. A seguir, foram os Estados Unidos e a China os países que mais gastaram.
Não se sabe qual vai ser a conta final, mas será certamente a operação de buscas mais cara na história da aviação. Quanto mais demoradas forem, mais os países vão ter de ponderar o seu envolvimento.