MH17: Restos mortais voam para a Holanda para se descobrir quem é quem

Estão já em trânsito aéreo, a caminho de Eindhoven, na Holanda, os primeiros caixões com restos mortais das vítimas do voo comercial MH17, que caiu quinta-feira, no leste da Ucrânia, sem deixar sobreviventes entre as 298 pessoas que seguiam a bordo.
Trasladados de comboio na véspera desde a região leste de Donetsk Oblast – controlada por rebeldes separatistas pró-russos – e após uma cerimónia em memória das vítimas ainda no aeroporto de Kharkiv – cidade no nordeste controlada pelo governo ucraniano -, os caixões com os restos mortais foram embarcados nos dois aviões, um Hércules holandês e um C-17 australiano, fretados para os transportar rumo à Holanda.
A primeira escala é a base aérea de Eindhoven, de onde seguirão para Hilversum, uma localidade no norte da Holanda a cerca de 30 quilómetros de Amesterdão. A autoestrada que liga Eindhoven a Hilversum deverá ser cortada durante esta tarde pelas autoridades holandesas para “assegurar um trajeto digno”, sublinhou o Ministério holandês das infraestruturas, para o comboio de veículos que transportarão os caixões nessa outra etapa da viagem.
Our hearts go out to all family and friends of the passengers and crew on board flight MH17. pic.twitter.com/FtvnynpDex
— Royal Dutch Airlines (@KLM) 22 julho 2014
Com o governo liderado por Mark Rutte a decretar dia de Luto Nacional na Holanda e todos os edifícios públicos a colocar as respetivas bandeiras a meia haste, está ainda programado um minuto de silêncio no país assim que o primeiro avião com vítimas do avião malaio aterre em Eindhoven.
No início desta operação de trasladação dos restos mortais das vítimas foi avançado que estariam cerca de 280 corpos a bordo do comboio refrigerado que ligou a localidade de Torez, em Donetsk Oblast, a Kharkiv. A verdade, porém, parece ser mais macabra, de acordo com as palavras de Jan Tuinder, o chefe da equipa forense holandesa presente na Ucrânia: “Havia mais pessoas a bordo do avião. Ainda há corpos por descobrir. Por isso, não estamos ainda em posição de poder dizer a que pessoas pertencem os restos mortais que encontrámos. Ao que sabemos, para já são 200 corpos.”
Na Holanda, os restos mortais serão alvo de exames de ADN e só então se saberá quem é quem entre os restos mortais já recolhidos no local da queda do aparelho. A bordo deste voo MH17, que fazia ligação entre Amesterdão e Kuala Lumpur, seguiam 15 tripulantes malaios e 283 passageiros, dos quais 193 eram holandeses, 28 malaios, 27 australianos, 12 indonésios, 10 britânicos, 4 belgas, 4 alemães, 3 filipinos, um canadiano e um neozelandês.
[#MASalert] Malaysia Airlines will be supporting the families during these trying times with assistance from KLM</a> - <a href="http://t.co/HUIWQXl7dx">http://t.co/HUIWQXl7dx</a></p>— Malaysia Airlines (
MAS) 21 julho 2014
Os controladores aéreos perderam contacto com o avião quando este sobrevoava a região leste ucraniana de Donetsk Oblast, que tem sido palco de violentos combates entre o exército e rebeldes separatistas pró-russos. Suspeita-se que o Boeing 777 da Malaysian Airlines tenha sido abatido por engano pelas milícias separatistas, com recurso a um míssil de fabrico russo. De início, os rebeldes obstruíram a investigação do local acidente por peritos internacionais, mas face às pressões internacionais e a um pequeno impulso do Kremlin os separatistas ucranianos acabariam por dar espaço às equipas forenses da Malásia e da Holanda e entregaram igualmente as caixas negras do aparelho que já haviam recolhido.
As duas caixas negras já estão, entretanto, no Reino Unido, onde serão examinadas por especialistas para se tentar apurar o que de facto aconteceu ao voo MH17 quando voava a cerca de 10 mil pés no espaço aéreo ucraniano a cerca de 60 quilómetros da fronteira com a Rússia.