A cidade portuária francesa está em alerta depois dos confrontos que fizeram esta sexta-feira pelo menos 22 feridos.
Foi um cenário de caos e violência como já não se verificava em Calais desde os tempos da 'Selva', onde o campo de refugiados chegou a albergar mais de 8000 pessoas até ao final de 2016, quando foi desmantelado pelas autoridades francesas.
Horas depois dos confrontos entre afegãos e eritreus, que fizeram pelo menos 22 feridos, quatro dos quais alvejados a tiro e que estão em estado crítico, Calais tenta recuperar alguma normalidade. Com o reforço da vigilância da polícia, foram poucos os refugiados que apareceram até para vir buscar comida às organizações humanitárias no local.
De acordo com Joshua Hallam, coordenador no local da organização não governamental L'Auberge des Migrants, o agravamento das condições de vida está a agudizar as tensões que já existiam pela junção de diferentes comunidades.
"Neste momento, Calais tem cerca de 700 pessoas, centenas com menos de 18 anos, incluindo crianças com menos de 10 anos, a dormirem na floresta, a dormirem ao relento... As condições de vida são desumanas, algumas tendas e alguns pedaços de plástico ou sacos-cama são confiscados pela polícia, em média, 3 vezes por semana", afirmou.
O ministro francês do Interior, Gérard Collomb, já esteve no local e responsabilizou os traficantes de seres de humanos por este episódio, tendo ordenado o reforço da segurança junto da passagem para Inglaterra.
Com efeito, são cerca de 700 os migrantes que ainda estão na cidade portuária francesa e que alimentam a esperança de atravessar a fronteira para o Reino Unido.
Migrantes e autoridades culpam os contrabandistas pelos violentos confrontos, mas a degradação das condições de vida está também a aumentar a tensão.
Já em janeiro, o presidente francês, Emmanuel Macron, visitou a cidade e assegurou que não iria permitir a formação de uma nova 'Selva'.