Shahni Sanni alega que o movimento "Vote Leave", financiado por empresa "irmã" da Cambridge Analytica, terá ultrapassado orçamento legal através de doação a terceiros
O referendo pelo "Brexit" está sob suspeita de fraude através de um dos movimentos de promoção da saída do Reino Unido da União Europeia.
Depois de o canadiano Christopher Wylie, um dos delatores das práticas abusivas da Cambridge Analytica nas presidências americanas, ter dito também que o "brexit não teria acontecido sem" a influência da empresa digital britânica, agora é um ativista pelo divórcio euro-britânico a reforçar as suspeitas em torno do mesmo processo.
Shahmir Sanni acusa o movimento "Vote Leave", no qual foi colaborador voluntário e que é financiado por uma empresa "irmã" da Cambridge Analytica, a canadiana AggregateIQ, de ter ultrapassado o limite legal de orçamento na campanha do "brexit" fixado em sete milhões de libras.
A fraude teria acontecido nos últimos dias antes do referendo através de uma doação de 625 mil libras à "BeLeave", um outro movimento pró "brexit" fundado por Darren Grimes.
O dinheiro teria sido doado com obrigação de aplicação na mesma campanha através da Aggregate IQ, o que contraria as regras de que o financiamento de cada grupo seja independente.
Sanni alega ter colaborado também com o "BeLeave" e que tanto ele como Grimes reportavam diretamente a Stephen Parkinson, o secretário político da primeira-ministra Theresa May. "Não houve momento algum em que tudo o que a 'BeLeave' fazia não passou pelo Stephen", garante Sanni, citado pelo Channel4.
"De fato, eles apenas usaram a 'BeLeave' para poderem gastar mais do que o permitido e não apenas um pouco mais. Quase um terço de um milhão de libras faz toda a diferença e no era legal", reforçou Sanni.
A estação televisiva alega ter visto documentos com múltiplas ligações entre a AggregateIQ e a SCL, a empresa mãe da Cambridge Analytica.
Christopher Wylie garante ter sido um dos fundadores da AggregateIQ, constituída no Canadá por pessoas que queriam colaborar nomeadamente com a Cambridge Analytica, mas sem ter de se mudar para Inglaterra.
Em entrevista ao jornal espanhol El País, Wylie garante que o "brexit" não teria "absolutamente" tido êxito se não fosse a Cambridge Analytica.
"É importante porque no referendo foi ganho com menos de dois por centos dos votos e houve muito dinheiro gasto em publicidade à medida e baseada em dados pessoais. A quantidade de dinheiro envolvida dava para comprar milhares de milhões de impressões. Se te diriges a um grupo pequeno, isso pode ser definitivo", explicou o antigo diretor de pesquisas da Cambridge Analytica.