Volta ao Reino Unido: a opinião dos habitantes de Lambeth e Cardiff a poucos dias do brexit

Volta ao Reino Unido: a opinião dos habitantes de Lambeth e Cardiff a poucos dias do brexit
De  Monica Carlos
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“Ou estamos perante uma catástrofe econômica, que seria saír sem acordo, ou perante uma espécie de catástrofe política, que poderá implicar excluír a vontade da maioria."-Simon Sandberg

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À medida que o dia 29 de março se aproxima a passos largos, o repórter Alexander Smith arrancou para uma volta pelo Reino Unido, com vista a avaliar o sentimento geral do eleitorado em relação ao brexit e fazer o ponto da situação.

A primeira paragem foi em Londres, mais particularmente na zona de Brixton, a uns escassos cinco quilometros do parlamento. Brixton fica no distrito londrino de Lambeth, onde se registou a mais alta percentagem do Reino Unido a favor da permanência do país na União Europeia.

O estudante de 34 anos Kane Santora mostrou-se preocupado. “Pensei que conseguiriam encontrar alguma solução, para o bem da Grã-Bretanha,” declarou.

Há também pessoas que estão com esperança que o brexit possa ser revertido. Simon Sandberg, consultor empresarial, explicou: “Ou estamos perante uma catástrofe econômica, que seria saír sem acordo, ou perante uma espécie de catástrofe política, que poderá implicar excluír a vontade da maioria. Existem divisões profundas neste momento, que vão durar por um tempo considerável, divisões que vão ser exacerbadas, independentemente da direção que o país agora tomar.”

Depois de Londres, Alexander Smith partiu de comboio, rumo a oeste, até Cardiff, uma das poucas localidades do País de Gales que votou a favor da permanência na União Europeia (60% da intenção de voto em Carfiff).

Uma das regiões mais pobres do Reino Unido, o País de Gales recebe fundos da União Europeia na ordem dos milhões de euros, e no entanto a maioria da população votou a favor da saída da União Europeia. Fomos beber uma cerveja com Dave Jenkinson , de 40 anos e trabalhador no setor da construção, para tentar compreender porquê.

“Quando se vai a votos dessa maneira e se pergunta ao público, acho que o que se está realmente a perguntar é se as pessoas querem ou não querem uma mudança. E a resposta que se obteve foi que a grande maioria do país queria uma mudança. Os políticos, de ambos os campos, não souberam tirar partido da situação. Tanto os que preferem ficar como os que preferem saír, como se sabe, mentiram,” afirmou.

“O tempo vai chegar ao fim e uma decisão por maioria terá inevitávelmente que ser tomada. Se deixarmos a União Europeia, terei pena se a fronteira for fechada, por é uma ideia estúpida. Estamos demasiado integrados com a Uniao Europeia para isso e esse processo de integracao é hoje irreversível. Se fizessem uma lei, ninguém a cumpriria,” acrescentou Dave Jenkinson.

Ao fim do primeiro dia da viagem, a visita a Lambeth e a Cardiff deixou claro que a questão do brexit conseguiu certamente atraír o interesse inabalável da maioria dos britânicos.

Resta saber se, de facto, os britânicos continuam, e até que ponto, a estar divididos pelo brexit. Esse será o objetivo da próxima etapa da viagem, até ao coração da região onde o brexit foi mais votado.

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