Resposta à crise divide frugais e endividados

Resposta à crise divide frugais e endividados
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De  Isabel Marques da SilvaDarren McCaffrey
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O presidente da França, Emmanuel Macron, e a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, já estão de acordo sobre a criação de um fundo de recuperação. Mas Áustria, Dinamarca e Países Baixos preferem o modelo dos empréstimos, com reformas associadas, em vez do das subvenções a fundo perdido.

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A economia retoma lentamente o passo e cerca de 450 milhões de cidadãos da União Europeia esperam que haja suficiente liderança política para encontrar as soluções necessárias.

As chamadas previsões económicas da primavera apontam para uma contração económica de 6,5% na Alemanha, a maior potência da União Europeia.

França, Espanha e Itália a sofrerão ainda maiores quebras, na ordem dos 9%. Nos países do Leste a situação será menos grave, nomeadamente o gigante que é a Polónia, onde se estima uma quebra de 4,3%. Em 2020, a economia dos 27 países vai desacelerar 7,4%, em média.

"Face a esta recessão sem precedentes, a União Europeia tem tido dificuldade em elaborar um plano de recuperação de longo prazo para lidar com uma crise de grande escala. Em causa estão divisões, sobretudo entre países do norte e do sul, entre os Estados mais conservadores a nível orçamental e aqueles que estão muito endividados", refere Darren McCaffrey, editor de política da euronews.

A solidariedade poderá ter várias formas

“Não há ninguém que possamos culpar por esta crise, nenhum país é o culpado. Estamos perante algo que não se pôde evitar e que afetou muitos Estados-membros de maneira significativa. Neste momento, precisamos de um resposta solidária que nos livre destas divisões e que permita começar dar as respostas necessárias à crise", disse Pedro Marques, eurodeputado português de centro-esquerda, em entrevista à euronews.

O presidente da França, Emmanuel Macron, e a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, já estão de acordo sobre a criação de um fundo de recuperação de 500 mil milhões de euros, que será levantado pela Comissão Européia nos mercados financeiros, evitando agravar demasiado a dívida soberana de alguns países.

Mas Áustria, Dinamarca e Países Baixos preferem o modelo dos empréstimos, com reformas associadas, em vez do das subvenções a fundo perdido.

“Eles têm o ponto de vista deles, sempre foram claros sobre esse ponto de vista. Existem outros países que são veementemente contra esses argumentos dos "nórdicos", se assim posso dizer, mas é uma questão de tentar encontrar uma solução de compromisso entre essas duas posições, Não ajuda nada continuarem a gritar uns com os outros sobre quem está certo ou errado e vice-versa, chegou a hora de ter um compromisso”, defendeu Johan Van Overtveldt, eurodeputado belga conservador.

O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, vai tentar fazer essa ponte na próxima cimeira da União Europeia, logo que a Comissão Europeia apresentar a sua proposta sobre o fundo de curto-prazo e orçamento da União para 2021-2027.

“Acho que algo deste calibre tem de ser criado, há que ultrapassar os limites habituais, seja com este fundo ou outro tipo de garantias para facilitar os empréstimos, como já vimos na crise financeira anterior. Há muitas soluções técnicas possíveis, o que falta é o vontade política para que as soluções técnicas se encaixam", afirmou Rebecca Christie, analista política no Instituto Bruegel.

O primeiro-ministro português, António Costa, elogiou o plano franco-alemão para a criação de um fundo de recuperação. Costa considera que a crise é, também, uma oportunidade para um esforço de reindustrialização da Europa, por forma a ter maior autonomia estratégica e garantir trabalho para milhões de cidadãos.

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