Península criada pelo Cumbre Vieja continua a crescer e ameaça partir-se

Vídeo. Vulcão Cumbre Vieja tem mais uma fajã no horizonte

O cone central do vulcão Cumbre Vieja partiu-se no sábado na face norte e gerou um novo fluxo de magma, que escorre pela ilha a mais de 1200°C em direção ao mar. A expetativa é que venha a criar um novo delta ou juntar-se à fajã já criada.

O cone central do vulcão Cumbre Vieja partiu-se no sábado na face norte e gerou um novo fluxo de magma, que escorre pela ilha a mais de 1200°C em direção ao mar. A expetativa é que venha a criar um novo delta ou juntar-se à fajã já criada.

A primeira península de magma gerada pelo vulcão em atividade desde 19 de setembro já tem mais de 32 hectares e, por estar próxima do limite da placa e com um túnel por onde se pensa haver lava a escorrer lentamente, ameaça afundar-se em águas mais frias e provocar explosões hidromagmáticas que podem quebrar a fajã ainda instável no que outrora foi a chamada Praia Nova.

A nova fajã, de acordo com o mais recente fluxo de magma, poderá surgir 600 metros a norte, na zona de Los Celemines Viejos. Esta terça-feira, o novo rio de lava estava a cerca de 300 metros do mar e escorria a uma velocidade variável, entre os 10 e os 15 metros por hora.

O vulcão entrou em atividade a 19 de setembro e a chegada do fluxo de magma ao mar deu-se na zona de Tazacorte, por volta da meia noite de terça-feira, 28 de setembro.

A atividade mantém-se intensa, com mais de 30 mil sismos registados desde 10 de setembro, a maioria a grande profundidade e 64 só nesta última terça-feira.

Há três rios de lava a escorrer: o principal já chegou ao mar e acalmou o fluxo; o segundo, um pouco mais a norte, deve chegar ao mar em breve; e o terceiro, mais a sul, tem arrasado algumas povoações, mas não deve chegar ao mar.

O contacto da lava, a mais de mil graus centígrados, com a água do mar, a cerca de 20 graus, provocou uma nuvem de gases ácidos, que obrigou a confinar as populações mais próximas, e começou desde logo a criar uma península, prolongando o território da ilha.

O amontoar de lava gerou o que se designa por uma fajã, nome dado às penínsulas planas criadas nas ilhas da Macaronésia (Açores, Madeira, Canárias e Cabo Verde) pela entrada de lava no mar.

Existem em La Palma duas fajãs famosas, a dos Franceses e a do Barlavento, mas há um outro terreno imposto ao mar pela erupção do vulcão de San Juan, em 1949, que se tornou um fértil campo de cultivo de bananeiras.

A última erupção conhecida antes da atual foi a do vulcão Teneguía, em 1971, a qual durou 24 fias e conquistou ao mar um território de dois quilómetros quadrados hoje conhecido como praia de Echentive.

A península em crescimento está já a uma distância superior a 500 metros da linha de costa e a uma profundidade de 30 metros. Foi recentemente divulgado o primeiro vídeo submarino desta fajã, no qual é possível ver peixes a circular junto ao magma já arrefecido no fundo do mar.

O terreno aumentado à ilha é, curiosamente, propriedade do Estado espanhol, formando parte do património geológico nacional, ficando por isso sujeito à Lei do Património Natural e da Biodiversidade. Mas para trás ficaram agora terrenos que, pela lei, passam para a esfera privada, ficando por saber a quem irão pertencer.

A superfície total destruída pelo magma na ilha de Palma, nas Canárias, já ultrapassa os 650 hectares, incluindo 150 hectares de terreno cultivado, a maioria de bananeiras.

Os últimos dados sobre prejuízos apontam para pelo menos 1.458 edifícios destruídos. Cerca de 40 quilómetros de estradas foram arrasados e pelo menos 3,1 quilómetros foram parcialmente danificados pela lava, num total de mais de 6.000 hectares afetados pelo vulcão.

O vulcão continua a expelir grandes quantidades de lava e, perante a atual atividade sísmica registada no Cumbre Vieja, o alerta mantém-se, os avisos de confinamentos ou evacuações sucedem-se, mas a qualidade do ar mantém-se "razoavelmente boa", considerando "o processo de erupção ativa" na ilha, dizem os especialistas.

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